O Plano de Resposta Humanitária de 2023 para o nordeste da Nigéria, lançado esta quinta-feira pelas Nações Unidas, totaliza 1,3 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) e abrange mais meio milhão de pessoas do que em 2022.

O plano visa garantir “assistência essencial para salvar vidas a seis milhões de pessoas que sofrem com o impacto devastador dos contínuos 13 anos de conflito armado internamente”, lê-se no comunicado de imprensa divulgado pela representação na Nigéria do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).

A crise humanitária e de proteção em larga escala não mostra sinais de diminuir”, afirmou o representante da ONU e Coordenador Humanitário para a Nigéria, Matthias Schmale, que disse serem “cerca de 2,4 milhões o número de pessoas em necessidade aguda — impactadas por conflitos, desastres e doenças — as quais requerem apoio urgente”.

Matthias Schmale salienta no comunicado que as necessidades humanitárias das pessoas afetadas “estão a aumentar”, das quais destacou as relacionadas com a insegurança alimentar e a desnutrição.

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Espera-se que aproximadamente 4,4 milhões de pessoas enfrentem insegurança alimentar na estação de escassez de 2023, acima dos 4,1 milhões em 2022. Sem ação urgente, espera-se que 4.000 pessoas em Bama, no estado de Borno, estejam em condições de ‘catástrofe’ (Fase 5), onde a fome, a morte, a miséria e os níveis extremamente críticos de desnutrição aguda se tornam prevalentes”, exemplificou.

“Mais de 80% das pessoas que precisam de assistência humanitária nos estados de Borno, Adamawa e Yobe são mulheres e crianças. Elas enfrentam riscos crescentes de violência, sequestro, violação e abuso“, acrescenta-se na nota.

O número de crianças que sofre de desnutrição aguda também aumentou, passando dos 1,74 milhões registados em 2022 para 2 milhões este ano.

Prevê-se que os já altos níveis de desnutrição aguda grave mais do que dupliquem, passando de 300.000 crianças afetadas no ano passado para 697.000 projetadas para este ano”, adianta.

Os conflitos obrigaram ainda dois milhões de pessoas a abandonar as suas áreas de residência, “enfrentando ameaças diárias à sua saúde e segurança”.

Acresce que “ataques repentinos e imprevisíveis contra civis e infraestruturas civis por grupos armados continuam, e o recente encerramento de campos para deslocados internos está a levar a novas vulnerabilidades“.

Aos cerca de dois milhões de deslocados, que carecem de serviços essenciais e meios de subsistência, acrescem 4,8 milhões de pessoas nas comunidades que os acolhem ou afetadas pelo conflito.

Estima-se que mais de um milhão de pessoas estejam em áreas extremamente difíceis de alcançar, onde não conseguem ter acesso a serviços básicos ou receber assistência e os trabalhadores humanitários não os conseguem alcançar”, salienta.

O comunicado adianta que apesar de ter de enfrentar graves restrições de acesso e financiamento, as organizações humanitárias ajudaram 4,7 milhões de pessoas em 2022 devido ao apoio dos doadores.

Com o Plano de Resposta Humanitária, o objetivo é chegar agora a seis milhões e dos 1,3 mil milhões pedidos, “são necessários pelo menos 591 milhões de euros para uma resposta de emergência aos 2,4 milhões de pessoas em necessidade aguda”, conclui o comunicado.