David Smith, ex-segurança da embaixada britânica na Alemanha, foi condenado a 13 anos e dois meses de prisão por ter passado informação à Rússia em troca de dinheiro. Segundo a sentença, Smith, de 58 anos, passou uma “quantidade significativa” de material, colocando em risco colegas da embaixada e as negociações internacionais do Reino Unido.

Durante a leitura da sentença, fortemente mediática — foi transmitida em direto nas televisões britânicas, como refere o The Guardian —, o juiz Justice Wall afirmou que Smith desenvolveu sentimentos “decididamente anti-britânicos” e também deu a impressão aos colegas de que simpatizava com a Rússia, “em particular com o Presidente Putin”.

Ex-segurança da embaixada britânica em Berlim acusado de espionagem

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As “atividades subversivas” de David Smith remontam a 2018 e prolongaram-se pelos anos seguintes. O então segurança da embaixada na Alemanha copiou e guardou uma “quantidade significativa de material” e entregou alguma dessa informação à Rússia. Mesmo apesar de estar ciente de que não estava autorizado a fazer cópias e que se as mesmas chegassem às “mãos erradas” poderiam “prejudicar os interesses britânicos ou representar uma ameaça para os que trabalham na embaixada britânica”. Smith declarou-se culpado em oito das acusações.

A conduta de Smith não foi caracterizada como um “ato isolado” e o ex-segurança chegou mesmo a ser “pago pela Rússia”, além de ter exposto a identidade de um diplomata que trabalhou na Rússia e outros detalhes sobre colegas. Foi em 2020 que o espião começou a entregar documentos a Moscovo. Primeiro enviou uma carta a um adido militar na embaixada russa. Numa segunda carta, entregou fotografias de funcionários da embaixada com descrições, que o juiz considera que colocou os trabalhadores em “risco máximo”. Foi seguindo o rasto desta carta que as autoridades chegaram até Smith.

Depois de ter sido detido, a polícia encontrou, na sua posse, um arquivo de documentos secretos, incluindo correspondência de ministros dirigidas ao então primeiro-ministro, Boris Johnson. Smith “estabeleceu contacto regular com alguém na Embaixada Russa e esse contacto foi um canal através do qual foi transmitido material obtido por si ilegalmente”, referiu o juiz, a quem pareceu “evidente” que a sentença teria de passar pela “prisão imediata”.

“Era seu dever assegurar que a embaixada estava segura e que os funcionários estavam em segurança”, disse. Não é possível estabelecer em concreto o alcance das consequências dos atos de Smith, que mostrou arrependimento, o que não serviu como uma atenuante. “Quando foi questionado sobre as consequências potencialmente catastróficas para terceiros, disse que eram inexistentes e não significativas porque apenas forneceu à Rússia informações de que a Rússia já dispunha”, acrescentou o juiz.

As ações de David Smith, segundo a sentença, poderia ter prejudicado as negociações internacionais comerciais do Reino Unido, mas também diplomáticas, uma vez que aconteceram numa altura em que Londres tentava dissuadir Moscovo a desmobilizar tropas da fronteira com a Ucrânia.