A Polónia anunciou esta sexta-feira que está preparada para treinar pilotos ucranianos em caças F-16, mas fez depender essa operação de um acordo no âmbito da coligação de aliados da Ucrânia.

“Sim, estamos prontos para treinar pilotos de caças F-16 na Polónia”, disse o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, aos jornalistas em Kiev, citado pela agência francesa AFP.

“Sublinho que isto tem de ser acordado no âmbito da coligação mais vasta, mas a Polónia está pronta para realizar tal treino”, acrescentou Morawiecki, que se deslocou a Kiev para assinalar o primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia.

Depois de os seus aliados terem concordado em enviar tanques, a Ucrânia solicitou o envio de caças F-16, mas o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mostrou-se reticente numa primeira reação, tal como fez em relação aos tanques Abrams, que acabou por autorizar.

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A rádio norte-americana Voz da América noticiou esta semana que a Ucrânia pediu aos Países Baixos que lhes cedesse alguns caças F-16 que vai substituir pelos mais modernos F-35, pedido que estará a ser considerado.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, desencadeando uma guerra de larga escala que mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Morawiecki anunciou também que a Polónia vai entregar mais carros de combate a Kiev “dentro de poucos dias”, depois de o Presidente polaco, Andréj Duda, ter anunciado hoje que tanques Leopard polacos “já foram enviados para a Ucrânia”.

“Podemos transferir os nossos tanques muito em breve… e dentro de poucos dias, entregaremos tanques PT-91 muito bons, 60 tanques chegarão à Ucrânia”, disse Morawiecki.

O primeiro-ministro polaco manifestou-se ainda insatisfeito com o décimo pacote de sanções da União Europeia (UE) contra a Rússia por ser “demasiado brando, demasiado fraco”.

“Propomos que sejam incluídas pessoas adicionais. Há muito que temos vindo a sugerir a inclusão de mais produtos russos”, disse aos jornalistas em Kiev.

Fontes diplomáticas em Bruxelas disseram à AFP que a Polónia estava a bloquear as conversações sobre as novas sanções.

O pacote inclui novas restrições às exportações para a Rússia no valor de 11 mil milhões de euros e o congelamento dos ativos de três bancos e de numerosas entidades, incluindo empresas iranianas acusadas de fornecer ‘drones’ (aeronaves não tripuladas) a Moscovo.

A Polónia considera insuficientes as restrições propostas às importações de borracha sintética da Rússia utilizada para pneus, disseram delegações de quatro Estados-membros à AFP.

A Itália pede um longo período de transição para que possa diversificar os fornecimentos à sua indústria de pneus, o que Varsóvia recusou.

O novo pacote da UE está pronto e “deve ser encontrado um acordo” ainda esta sexta-feira, no primeiro aniversário da invasão da Ucrânia, disseram à AFP diplomatas e funcionários da UE.

Segundo as mesmas fontes, que a AFP não identifica, o bloqueio da Polónia penaliza a Europa, dado que Estados Unidos e Reino Unido já anunciaram o reforço das suas sanções.

As novas medidas preparadas pela UE foram reveladas há 15 dias.

A solução está nas mãos de Morawiecki e da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que pertencem à mesma família política na Europa, disse um diplomata à agência noticiosa francesa.

Os partidos de Morawiecki e Meloni têm assento no grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus no Parlamento Europeu.

A Polónia já tinha bloqueado a aprovação do nono pacote de sanções em dezembro, e esperou por uma reunião dos líderes da UE para levantar as suas reservas.