Depois de ter sido divulgado que José Sócrates voltou a ser investigado depois da acusação no processo da Operação Marquês, o antigo primeiro-ministro avançou esta sexta-feira com uma queixa contra o Ministério Público e contra a Caixa Geral de Depósitos.
De acordo com o documento a que Observador teve acesso, a carta é dirigida a Lucília Gago, procuradora-geral da República, e é referido que a mesma “deve ser considerada como denúncia formal. Denúncia contra desconhecidos”. Sócrates fala de uma “guerra suja que o Ministério Público decidiu fazer” e diz estar “enjoado”.
“O Ministério Público parece ter perdido qualquer sentido de decência. Desta vez, decidiram divulgar na televisão SIC uma suposta investigação sobre o meu contrato de trabalho com uma empresa internacional. Pouco importa que não haja suspeita, nem fundamento para fazer qualquer averiguação. A razão de investigação sou eu — trata-se de perseguir um alvo, não de investigar um crime“, escreveu José Sócrates na queixa.
O antigo primeiro-ministro considera os métodos de atuação do Ministério Público “vergonhosos” e refere que a divulgação desta informação é um crime que “é usado contra as pessoas que o Ministério Público considera suas inimigas”.
Já sobre a Caixa Geral de Depósitos, José Sócrates apresenta queixa “por denúncia caluniosa”. “Dei conhecimento ao banco de todas as informações pertinentes sobre o contrato e já não sou ‘pessoa politicamente exposta’, na medida em que deixei de exercer funções públicas há cerca de doze anos”.
Esta queixa surge depois de ter sido noticiado que José Sócrates terá recebido várias transferências na sua conta da Caixa Geral de Depósitos. Terá recebido 12.500 euros, durante vários meses, tendo sido este valor justificado como um contrato de consultoria com uma empresa de Adélio Machado, empresário e antigo piloto.