O novo embaixador de Portugal em Cabo Verde, Paulo Lourenço, afirmou esta terça-feira que a sua primeira prioridade ao iniciar funções é replicar na sociedade o nível da relação entre autoridades dos dois países.

Temos hoje uma relação de excelência a todos os níveis do Estado entre os dois países. Acho que podemos fazer um pouco mais naquilo que tem que ver com a relação entre as pessoas, entre os agentes culturais, entre as empresas dos dois países. E, portanto, essa é a minha primeira prioridade, de alguma forma reproduzir também do ponto de vista da relação entre as duas sociedades, aquilo que é hoje o nível extraordinário e excecional das relações entre Cabo Verde e Portugal”, afirmou o diplomata, em declarações aos jornalistas.

Paulo Lourenço apresentou esta terça-feira cartas credenciais ao Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, em cerimónia realizada no Palácio do Povo, no Mindelo, ilha de São Vicente, tendo sublinhado a “relação de excelência” entre os dois países.

É difícil imaginar outro país que tenha o mesmo nível de convergência estratégica, proximidade e até cumplicidade com Portugal, como Cabo Verde”, disse ainda o embaixador, reconhecendo que assume funções, também, com “o enorme sentido de responsabilidade” de “saber manter” e “saber fazer mais ainda por esta relação”.

“O facto de esta relação ser excelente não significa que não possamos fazer mais e eu estou certo de que podemos fazer mais. Um aspeto que eu irei certamente valorizar durante as minhas funções como embaixador de Portugal em Cabo Verde é, de alguma forma, conseguir levar para a relação entre as sociedades, a relação entre as culturas, entre os países e entre as empresas dos dois países, o mesmo nível de excelência que hoje desfrutamos ao nível dos órgãos de soberania”, insistiu.

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Diplomata de carreira desde 1995, Paulo Lourenço desempenhou funções anteriores nas Embaixadas de Portugal em Luanda, Londres, Sarajevo e Belgrado. Entre 2012 e 2018 foi cônsul-geral em São Paulo.

Paulo Lourenço nasceu em 10 de março de 1972, em Angola, e desde fevereiro de 2020 chefiava a Direção-Geral de Política de Defesa Nacional, funções nas quais negociou o novo programa-quadro de Defesa entre Portugal e Cabo Verde para o período 2022 a 2026.

O novo embaixador em Cabo Verde enfatizou que o acordo de mobilidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, “nomeadamente ao nível da migração laboral”, representa “uma oportunidade histórica que os dois países devem saber interpretar, acompanhar e devidamente implementar”.

É uma oportunidade para justamente conseguirmos criar também ao nível da relação entre as sociedades, da relação entre as diásporas, esse nível de excelência que temos no plano político, a todos os níveis”, disse.

Recordou que Portugal “é sempre um observador muito atento da realidade de Cabo Verde” e que o arquipélago está “numa fase de transição” da sua matriz de desenvolvimento, sustentável, a “olhar para a transição energética” a para “os seus recursos naturais”.

Nomeadamente sol e vento, para a economia azul, para os desafios de digitalização, e Portugal deverá e saberá interpretar esta fase de mudança, esta fase de transição, para também animar a sua comunidade empresarial, os seus agentes públicos e privados, a poderem contribuir para não só a aceleração da retoma económica de Cabo Verde, que já se está a verificar, mas também para dar o seu contributo para o crescimento económico e para o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde, de acordo justamente com este modelo”, acrescentou.

Portugal é um parceiro e um amigo para todas as estações, não apenas para as estações boas. Portugal está sempre presente quando Cabo Verde precisa e este é um momento de oportunidades para potenciação daquilo que são os diversos recursos de Cabo Verde”, disse ainda.

Reconhecendo esse “momento único” das relações entre os dois países, Paulo Lourenço afirmou a necessidade de o potenciar, garantindo estar “determinado a mobilizar a comunidade empresarial portuguesa a investir em Cabo Verde, justamente olhando para estas novas áreas”.

Para tudo o resto, Portugal estará sempre pronto, disponível para trabalhar com as autoridades de Cabo Verde, para cooperar com Cabo Verde, não há uma área, um ministério em Portugal, que não tenha cooperação com Cabo Verde. Acho que é importante que nós aproveitemos este facto, valorizemos e tentemos tirar partido disso”, reconheceu.