Durante a fase inicial da pandemia da Covid-19, em 2020, o governo do Reino Unido ponderou durante um breve período de tempo a possibilidade de exterminar todos os gatos do país, numa altura em que se suspeitava da possibilidade de o vírus ser transmitido entre animais de estimação e seres humanos.
A revelação foi feita esta quarta-feira por um antigo secretário de Estado da Saúde britânico, James Bethell, em entrevista ao Channel 4, dois dias depois de o jornal Telegraph ter publicado uma extensa investigação, intitulada “The Lockdown Files”, na qual expôs centenas de mensagens privadas do antigo ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, sobre o modo, por vezes caótico, como Londres lidou com a pandemia nos primeiros meses dos confinamentos.
Nas declarações à televisão britânica, citadas pelo The Guardian, Bethell procurou explicar que nos primeiros meses da pandemia toda a gente, políticos incluídos, sabia muito pouco sobre a doença.
“Aquilo de que não nos podemos esquecer é o pouco que compreendíamos sobre esta doença. Houve um momento em que não havia a certeza sobre se os animais domésticos podiam transmitir a doença”, disse Bethell, que fez parte da equipa de Matt Hancock. “Na verdade, chegou a haver a ideia, a dado momento, de que poderíamos ter de pedir às pessoas para exterminar todos os gatos do Reino Unido. Consegue imaginar o que teria acontecido se quiséssemos fazer isso?”
A preocupação com os gatos ganhou especial relevância em julho de 2020, quando um gato britânico foi diagnosticado com Covid-19. Na altura, as autoridades do Reino Unido emitiram um alerta para que as pessoas evitassem dar beijos aos gatos, uma vez que se suspeitava da possibilidade de os animais transmitirem a doença aos humanos. Dois anos mais tarde, viria a registar-se, na Tailândia, o primeiro caso de um gato que transmitiu a Covid-19 a uma pessoa.