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Os membros do governo britânico usavam a plataforma de troca de mensagens como ferramenta de trabalho

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Os membros do governo britânico usavam a plataforma de troca de mensagens como ferramenta de trabalho

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Boris comparou Covid nos idosos a quedas de escadas e governo recusou testes em 100% dos lares: as conversas privadas dos políticos ingleses

Jornal Telegraph teve acesso a 100 mil mensagens trocadas entre políticos britânicos durante meses iniciais da pandemia. Cidadãos "merecem saber" por que se tomaram certas medidas, afirma denunciante.

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“O risco de morte por Covid-19 das pessoas com mais de 65 anos é provavelmente tão alto quanto o risco de cair das escadas. E não impedimos os mais velhos de usar escadas.” Às 19h05 de dia 9 de agosto de 2020, o antigo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, mandava esta mensagem para um grupo de Whatsapp, em que  o seu assessor, o ex-ministro da Saúde inglês, Matt Hancock, e os principais epidemiologistas que aconselhavam o governo durante a pandemia.

Longe das formalidades dos comunicados oficiais e dos holofotes das conferências de imprensa, Boris Johnson ficara com dúvidas sobre a eficácia dos confinamentos após ler um artigo no The Spectator sobre a imunidade de grupo. E queria vê-las esclarecidas rapidamente, usando o Whatsapp para questionar os especialistas de saúde pública.

À semelhança do antigo primeiro-ministro, este comportamento era típico dos membros do governo britânico: usavam a aplicação de mensagens como ferramenta de trabalho, isto numa altura em que era necessário tomar decisões rápidas nas primeiras fases da pandemia. Duração de isolamentos, testagem, confinamento, disponibilidade de equipamento de proteção pessoal… Em simples trocas de mensagens, eram tomadas decisões que podiam alterar repentinamente a vida dos ingleses.

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Políticos discutiam no Whatsapp medidas da pandemia

PA Images via Getty Images

Numa grande investigação publicada esta terça-feira, o Telegraph publicou o que chama de “The Lockdown Files”, em português, os “Ficheiros do Confinamento”. O jornal britânico teve acesso a mais de 100 mil mensagens de texto de Whatsapp de vários governantes em diferentes momentos da pandemia — e tornou público alguns.

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Contrariamente a casos como o Watergate, em que as fontes permaneceram no anonimato, neste caso é conhecido quem decidiu entregar todo este manancial de informação ao órgão de comunicação social. A denunciante foi a jornalista de política, Isabel Oakeshott, que ajudara o antigo ministro da Saúde a escrever um livro sobre as dificuldades que o executivo inglês enfrentou durante os períodos mais críticos da transmissão da Covid-19.

Foi ao ajudar a escrever o livro que Isabel Oakeshott teve acesso às mensagens do ex-ministro da Saúde. “Não há segredo nenhum sobre como eu que consegui ter em minha posse este tesouro”, esclareceu a jornalista num editorial do Telegraph, que adjetivou estas informações como uma “fonte histórica única e rica”. “Fora da formalidade e do artifício — com gralhas, emojis e palavrões ocasionais — estas mensagens mostram tudo, incluindo o medo do fracasso, a frustração com a falta de eficácia, o peso da responsabilidade, a pura exaustão, o alívio e orgulho quando as coisas corriam bem.”

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"Fora da formalidade e do artifício — com gralhas, emojis e palavrões ocasionais — estas mensagens mostram tudo, incluindo o medo do fracasso, a frustração com a falta de eficácia, o peso da responsabilidade, a pura exaustão, o alívio e orgulho quando as coisas correm bem"
Isabel Oakeshott, jornalista que teve acessos às mensagens e que as divulgou

A jornalista justificou a divulgação das mensagens como um ato de “serviço público”, visando impulsionar o arranque de uma investigação sobre a gestão do governo durante os meses mais críticos da pandemia. “Foi por isso que decidi divulgar estas comunicações privadas — porque não podemos esperar mais”, afirmou Isabel Oakeshott, que sublinhou que os cidadãos ingleses “merecem saber” o motivo pelo qual “o governo tomou certas “decisões” — desde a recusa de testes em lares às regras “desumanas” em residências sénior.

As dúvidas de Boris Johnson sobre o confinamento das pessoas com mais de 65 anos

A 9 de agosto de 2020, Boris Johnson recorreu ao grupo de Whatsapp onde estavam os especialistas após ler uma peça no jornal do The Spectator sobre imunidade de grupo e queria saber a opinião deles. O epidemiologista e conselheiro do governo Chris Whitty considerava que o artigo estava “bom”, mas “tinha dois problemas”.

— Não sabemos se a imunidade à Covid-19 é duradoura o suficiente para alcançar a imunidade de grupo em algum ponto. Nós temos um caminho longo até atingir a imunidade de grupo. Mais importante do que isso, o artigo não explica o problema fundamental de como paramos os jovens de infetarem eventualmente os mais velhos e os mais doentes. Se pudéssemos alcançar uma sociedade em que apenas os não-vulneráveis seriam infetados, estaríamos numa posição completamente diferente. Mas isso é muito fácil de dizer e escrever do que fazer.

A mensagem do epidemiologista não agradara totalmente a Boris Johnson, que ficou com dúvidas sobre se valia a pena manter um confinamento mais severo para as pessoas com mais de 65 anos (que, em Inglaterra, apenas eram aconselhadas a saírem de casa para irem a consultas médicas).

Obrigado, Chris. Tenho o pressentimento de que já me expôs esses pontos e eu peço desculpa por isso. Mas há mérito na ideia de oferecer a quem tem mais de 65 anos uma escolha. Quem tem mais do que uma certa idade deve poder escolher viver duas vidas. Ou se pode proteger e evitar todos os ambientes potencialmente infecciosos, ou então pode socializar. Quem tem mais de 65 anos o risco de morrer de Covid-19 é provavelmente tão alto como o risco de cair das escadas. E não impedimos os mais velhos de usar as escadas. O que acha?

Concordando parcialmente com a ideia de Boris Johnson, o especialista sinaliza que o índice de transmissibilidade — conhecido como R(t) — poderia “aumentar exponencialmente”, assim como a taxa de mortalidade relativamente à Covid-19, se se terminasse com o confinamento dos mais velhos.

— Concordo que isso é razoável. Numa situação em que o NHS [serviço nacional de saúde britânico] não esteja em risco de ficar sobrecarregado, tem de ser uma escolha pessoal. As pessoas podem racionalmente fazer uma escolha informada — se querem aumentar o risco de morrer ao abraçar os seus netos ou a ir à discoteca. Numa população em que R(t) suba para cima de 1, as mortes vão começar a aumentar exponencialmente, a não ser que possamos isolar inteiramente a população. Eu concordo que podemos oferecer uma escolha. Isso é como dizer a alguém se prefere submeter-se a uma operação desagradável ou então dizer que a quimioterapia é opcional: eles podem escolher viver uma vida potencialmente mais curta mas mais feliz. Esta opção não está relacionada, no entanto, com a matemática e um aumento exponencial de casos.

Boris Johnson ainda mantém uma questão sobre o cenário hipotético em que os mais velhos pudessem escolher no imediato se saíam ou não de casa: como é que “se poderia fazer para proteger melhor os grupos mais vulneráveis” no futuro, num contexto em que o R(t) aumentasse? Em resposta, outro dos conselheiros científicos do governo britânico, Patrick Vallance, dá uma nova explicação e aponta para o risco dos “agregados familiares multigeracionais”.

— É uma ideia teoricamente atrativa [a do não confinamento imediato dos idosos], mas na realidade não consideramos que, num cenário de elevada transmissão, o confinamento exclusivo [dos mais vulneráveis] fosse fácil ou eficaz. Porque existe um problema com os agregados familiares multigeracionais. 

Com este argumento, o ex-primeiro-ministro britânico ficava esclarecido, quer sobre o confinamento dos mais velhos, quer sobre a imunidade natural.

— Sim, eu entendo o ponto dos agregados multigeracionais. Muito obrigado.

epa08504281 A handout photo made available by n10 Downing street shows Britain's Chief Medical Officer, Professor Chris Whitty speaks the daily press conference on Covid-19 in n10 Downing street in London, Britain, 23 June 2020.  EPA/ANDREW PARSONS / DOWNING STREET / HANDOUT This image is for Editorial use purposes only. The Image can not be used for advertising or commercial use. The Image can not be altered in any form. Credit should read Andrew Parsons/n10 Downing street. HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES

Chris Whitty aconselhava o governo britânico

ANDREW PARSONS / DOWNING STREET / HANDOUT/EPA

Ex-ministro da Saúde recusa testes a todos os que estejam em lares: “Turva as águas”

Um dos temas que o governo inglês teve de debater durante os meses iniciais da pandemia incidia sobre que regras sanitárias deviam vigorar nos lares, locais onde viviam pessoas mais velhas, que eram as mais suscetíveis a desenvolver complicações relacionadas com a Covid-19.

A 8 de abril de 2020, a ex-secretária de Estado da Assistência Social, Helen Whately, dava conta de que uma investigação “mostrava um surto sério de Covid-19” num lar cidade de Newcastle-under-Lyme, em que 11 pessoas tinham morrido da doença.

— As lições internacionais sugerem que nós devemos testar todos os residentes de lares e os funcionários que tiveram contacto [com a Covid-19].

Nesse mesmo dia, Matt Hancock respondia favoravelmente à sugestão.

— Concordo com isso e a capacidade [de testagem] para fazer isso está a crescer rapidamente.

— Ótimo.

A testagem em lares a todas as pessoas que tivessem tido contacto com a Covid-19 tinha também tido o respaldo de Chris Whitty. “É obviamente um passo positivo”, garantia o epidemiologista numa troca de mensagens com o ex-ministro da Saúde. Porém, a 14 de abril, tudo mudou. Allan Nixon, pertencente ao departamento de Saúde do Parlamento britânico e responsável por ultimar os detalhes de um novo plano de medidas para combater a Covid-19, mandou uma mensagem para saber o veredicto do ex-governante.

— Não estava na reunião de testagem. Apenas para verificar: a sua recomendação é para remover a obrigação de testar quem é admitido em lares e manter [a testagem] daqueles que vêm dos hospitais?

A resposta confirmava que Matt Hancock havia decidido que os utentes dos lares, mesmo que tivessem tido contacto com Covid-19, não tinha de ser testados à doença, à exceção dos que tivessem vindo de um centro hospitalar.

— Sim, diga-me se estiver errado, mas eu prefiro apenas comprometer-me a testar e isolar todos os que vão para os lares desde o hospital. Eu não penso que o mesmo compromisso a todos acrescente alguma coisa — turva as águas. 

Mais tarde, em agosto de 2020, o ex-ministro da Saúde voltou atrás com a decisão. E reconheceu que a “maioria da rota do vírus chegava aos lares a partir da comunidade” — e não dos hospitais. Assim, o governo inglês instituiu a testagem a todos aqueles que entravam nos lares, incluindo funcionários. A resistência inicial do antigo governante pode ter criado, no entanto, um número de mortes em lares que, como nota o Telegraph, poderia ter sido evitado.

O objetivo dos 100 mil testes

Um dos grandes objetivos do ex-ministro da Saúde passava por conseguir atingir a meta de 100 mil testes diários em abril de 2020, tendo-o anunciado durante uma conferência de imprensa no início do mês. No que toca à testagem, o Reino Unido estava com números inferiores a países como a Alemanha ou França. “Testar, testar, testar” era o lema.

No final de abril, a meta estava longe de ser atingida — e isso criou o pânico no governo britânico. O antigo secretário de Estado da Saúde, James Bethell, alertava, a 20 de abril, para a possibilidade de o objetivo não ser concretizado, caso o ritmo de testagem permanecesse o mesmo. O aviso surgia após uma conversa com Sebastian James, diretor-executivo da empresa de análises à Covid-19, Boots.

— Tive uma conversa telefónica com o Seb James. Ele diz que não estamos no ritmo para atingir os 100 mil [testes], quer a nível da procura, quer em termos de capacidades logísticas. Ele diz que pode disponibilizar mais zaragotoas se lhe pedirmos isso.

O pânico instalou-se no Ministério da Saúde a 27 de abril. Matt Hancock entrou em contacto com Doug Gurr, diretor da Amazon no Reino Unido, para que pudesse disponibilizar mais testes. Um dia depois, o ex-ministro da Saúde apelou a George Osborne, amigo de longa data e editor-chefe no jornal Evening Standard, para dar grande destaque à notícia de que havia mais locais para realizar testes.

— Tenho atualmente 22 mil vagas amanhã [dia 29 de abril], uma vez que aumentei o número. Não há procura. Isso são obviamente boas notícias sobre a transmissibilidade do vírus. Mas más para o meu objetivo. 

O editor-chefe concordou dar destaque à notícia na capa do jornal, desde que fosse um exclusivo. E assim foi. Ainda assim, apesar dos apelos, um quinto das 22 mil vagas não foram preenchidas — e isso tornou mais complicado atingir a meta a 29 de abril. Com o calendário a apertar, Matt Hancock empenhou-se no último dia do mês e entrou em contacto com praticamente todas as empresas farmacêuticas, de modo a que aumentassem os testes.

Certo é que, a 30 de abril, 122.347 ingleses testaram-se à Covid-19. Durante uma conferência de imprensa no início de maio, o ex-ministro da Saúde saudou o que disse ser uma “expansão sem precedentes da capacidade de testagem britânica”. “É uma conquista incrível.”

As regras “desumanas” nos lares

A questão dos lares deu azo a uma nova polémica em outubro entre a antiga secretária de Estado e o ex-ministro da Saúde. Desde março, em que quase todas as visitas a lares foram interditas, vários ingleses ficaram sem ver os familiares durante meses, principalmente nas zonas mais afetadas pela pandemia. Em outubro de 2020, Helen Whately insurge-se contra esta questão, mandando uma mensagem a Matt Hancock.

— Eu oponho-me a isso. Os locais que conseguem assegurar visitas deviam conseguir fazê-lo. Impedir maridos de ver as mulheres apenas porque vivem em lares durante meses e meses é desumano. 

Quando Inglaterra impôs o segundo confinamento nacional em novembro de 2020, as regras mudaram. O Ministério da Saúde inglês estabeleceu que cabia aos lares definirem as suas orientações — e se permitiam ou não visitas. Não obstante, alguns espaços mantiveram regras muito apertadas. Helen Whately manteve-se preocupada com a questão da saúde mental nos idosos e não deixou cair a questão, principalmente após terem sido administradas as primeiras vacinas — precisamente em lares de idosos.

No final de janeiro de 2021, Helen Whately voltava, por isso, a questionar o ex-ministro sobre a visita a lares.

— Estou a receber notícias positivas das vacinações em lares. Como eu penso que já assinalei, precisamos de estar prontos em relação à política das visitas, dado o risco das vidas perdidas devido aos mais velhos desistirem de viverem [por causa do isolamento]… 

Apesar dos alertas da ex-secretária de Estado, Matt Hancock não cedia, remetendo uma decisão “para as próximas semanas” em janeiro de 2021. Contudo, apenas em julho desse ano é que o governo britânico permitiu visitas em todos os lares do país. 

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Helen Whately questionou o ministro várias vezes sobre a situação das visitas dos lares

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A viagem de “80 quilómetros” por um teste

A testagem foi um dos tópicos que mais motivou críticas à atuação de Matt Hancock. O jornalista e amigo George Osborne chegou a escrever-lhe uma mensagem, em outubro, a notar que o sistema de testes “não estava a correr bem”. Mas havia quem no Ministério da Saúde discordasse. Em setembro de 2020, a ex-secretária de Estado da Assistência Social, Helen Whately, comunicou ao ex-ministro que um dos seus familiares tinha febre — e não podia sair de casa se não tivesse um teste negativo.

Ora, o familiar da ex-secretária de Estado demorou até conseguir arranjar um sítio para ser testado — a 50 milhas (cerca de 80 quilómetros) da sua zona de residência. Apesar disso, a ex-governante congratulava o esforço de Matt Hancock pela aparente rapidez do processo.

— O teste negativo chegou. 24 horas depois. O sistema está definitivamente a funcionar, pelo menos para alguns.

A resposta de Matt Hancock foi rápida — e sublinhava que o sistema de testagem estava a funcionar bem não para “alguns”, mas para a “maioria”. “Melhor ainda”, ripostou a ex-secretária de Estado.

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