O número de migrantes irregulares que chegou à Itália através do mar desde o início deste ano já ultrapassou os 20.000, avançou esta terça-feira o Ministério do Interior italiano, chamado a atenção para um crescimento excessivo.

Segundo o ministério, liderado por Matteo Piantedosi, entre 1 de janeiro e 13 de março entraram no país, através de rotas do Mediterrâneo, 20.017 migrantes irregulares, o que representa mais do que triplo do número registado no mesmo período do ano passado.

Desde o início de 2022 até meio de março desse ano, as fronteiras italianas registaram a chegada de 6.152 migrantes sem documentos que viajaram para aquele país europeu em barcos ilegais.

Este ano, um dos períodos mais conturbados aconteceu entre 9 e 11 de março, quando, em apenas dois dias, 4.566 pessoas chegaram irregularmente a Itália pelas rotas migratórias do Mediterrâneo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O aumento do número de migrantes irregulares vindos de África deve-se em parte à estratégia da Rússia de “guerra híbrida” aplicada através da empresa de segurança russa Wagner em países africanos que apoiam a Ucrânia, afirmou esta terça-feira o ministro da Defesa, Guido Crosetto, em declarações à imprensa italiana.

A questão do aumento do número de migrantes em Itália foi esta terça-feira alvo de uma reunião, por videoconferência, entre a primeira-ministra, Giorgia Meloni, o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, o vice-primeiro-ministro e ministro dos Transportes e Infraestruturas, Matteo Salvini, o ministro do Interior, Matteo Piantedosi, e o ministro da Defesa, Guido Crosetto.

Na reunião, segundo o jornal La Repubblica, foi discutido o uso de ferramentas tecnológicas apropriadas da Marinha italiana para detetar barcos que transportam migrantes irregulares em zonas fora das águas territoriais e melhorar a coordenação na vigilância no mar.

Já na sexta-feira passada, a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) tinha anunciado que o número de pessoas que atravessaram irregularmente o Mediterrâneo Central para chegar a um Estado-membro da União Europeia (UE) mais do que duplicou nos primeiros dois meses de 2023, face ao ano anterior.

De acordo com a Frontex, um total de 12.000 pessoas atravessaram ilegalmente a rota migratória do Mediterrâneo Central entre janeiro e fevereiro, “mais do dobro do ano passado”. Só em fevereiro, o número triplicou para 7.000, em comparação com o período homólogo de 2022 nesta rota.

Nos primeiros dois meses do ano, um total de 28.130 pessoas atravessaram em situação irregular as fronteiras da UE, um número que está em linha com o registado há um ano — 13.8000 das quais só no mês de fevereiro.

As rotas do Mediterrâneo Central e dos Balcãs Ocidentais continuam a ser as mais ativas, refere o relatório. Já as pessoas detetadas nesta situação pela Frontex são na maioria provenientes de países como a Síria, Costa do Marfim, Afeganistão e Paquistão.

Um total de 5.622 pessoas entraram em território da UE através do Reino Unido, um aumento de 82% face a 2022, indica a mesma fonte.

No último Conselho Europeu extraordinário, a 9 de fevereiro, os líderes da UE concluíram que é necessário intensificar a ação nas fronteiras europeias para evitar “a perda de vidas humanas, reduzir a pressão sobre as fronteiras e sobre as capacidades de acolhimento, combater os traficantes e aumentar os regressos”.

Neste sentido, o Conselho Europeu aprovou o aumento da cooperação com os países de onde são originárias as pessoas que fazem as travessias de forma irregular e que na maioria dos casos procuram asilo na UE ou simplesmente uma vida melhor.

O Conselho Europeu também recordou “a importância de uma política unificada, abrangente e eficaz em matéria de regresso e readmissão, bem como de uma abordagem integrada de reintegração”.

Países como Itália e a Hungria têm apertado as políticas de acolhimento de migrantes e limitado a ação de organizações não-governamentais.