A Comunidade Israelita/Judaica do Porto (CIP/CJP) diz que a família materna de Gavril Yushvaev, oligarca russo suspeito de ligações ao crime organizado e que requereu a nacionalidade portuguesa, “é sefardita de origem portuguesa”.
No domingo, o jornal Público noticiou que Gavril Yushvaev tem cadastro criminal, é acusado de ligações ao crime organizado e procura a naturalização portuguesa ao abrigo da lei dos sefarditas, num processo que deu entrada em 2020 e que continua pendente.
Oligarca russo suspeito de ligações ao crime organizado aguarda nacionalidade portuguesa
“O único dado que temos do requerente é que a família materna é sefardita de origem portuguesa, radicada por séculos no Império Otomano, designadamente na Bulgária. O apelido da mãe, Navon, já existia em Portugal nos séculos XIV e XV. As comunidades de Porto e [de] Lisboa aferem da origem sefardita das pessoas, o resto cabe à conservatória dos registos centrais”, explica a CIP/CJP, em resposta escrita enviada à agência Lusa.
Segundo o Público, cinco meses depois de ter sido sancionado pelo Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia por ligações próximas ao Presidente russo, Vladimir Putin, o multimilionário Gavril Yushvaev, com nacionalidade russa e israelita, continua a aguardar pela naturalização portuguesa, ao abrigo da lei dos sefarditas, que possibilita a atribuição da nacionalidade aos descendentes de antigos judeus que habitavam na Península Ibérica no final do século XV.
A Lusa questionou a CIP/CJP se tinha conhecimento do passado de Gavril Yushvaev.
“As comunidades em regra não conhecem as pessoas que pertencem a comunidades estrangeiras. Foi o que aconteceu com este requerente”, respondeu a Comunidade Israelita/Judaica do Porto, acrescentando que “é o Governo que concede a nacionalidade à pessoas, não a comunidade” Israelita/Judaica.
A CIP/CJP refere ainda que “o único oligarca com a nacionalidade portuguesa que está ligado à indústria das armas na Síria e na Ucrânia, não foi certificado pela CIP/CJP”.
“As comunidades de Porto e [de] Lisboa foram instadas a avaliar as origens sefarditas das pessoas, nada mais. E esta última emitiu certificados para judeus russos durante sete anos. A percentagem no Porto é [de] 0,1%”, revela a Comunidade Israelita/Judaica do Porto.
O último de dois e-mails recebidos com respostas às perguntas da Lusa, assinado por Daniel Biton, em nome da CIP/CJP, termina com a seguinte frase: “Não nos volte a contactar e faça o que lhe mandam. O seu e-mail será bloqueado”.
Nota da redação: O Observador retirou o nome referido pela Comunidade Israelita/Judaica do Porto como sendo um oligarca russo de nacionalidade portuguesa ligado à indústria militar na Síria e na Ucrânia enquanto aguarda a confirmação das declarações.