A Iniciativa Liberal pediu a audição do ministro do Ambiente e do Conselho de Administração da Transtejo/Soflusa na sequência de um relatório do Tribunal de Contas que acusa a empresa de práticas ilegais e irracionais.

“Queremos chamar estas pessoas porque é preciso esclarecer cabalmente o que aconteceu porque não há compreensão de uma negócio com estes contornos. Parece haver coisas preocupantes e as conclusões do Tribunal de Contas apontam nesse sentido”, justificou Rui Rocha, em declarações aos jornalistas.

O presidente da Iniciativa Liberal, que esteve esta sexta-feira no terminal fluvial de Cacilhas para contactar com passageiros, anunciou que deu nesta sexta-feira entrada no parlamento de um requerimento no sentido de ser ouvido o atual ministro do ambiente, a administração demissionaria da Transtejo e ainda o então ministro Matos Fernandes.

Em causa está a compra de nove baterias, pelo valor de 15,5 milhões de euros (ME), num contrato adicional a um outro contrato já fiscalizado previamente pelo TdC para a aquisição, por 52,4 ME, de dez (um deles já com bateria para testes) novos navios com propulsão elétrica a baterias, para assegurar o serviço público de transporte de passageiros entre as duas margens do Tejo.

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A Transtejo comprou um navio completo e nove navios incompletos, sem poderem funcionar, porque não estavam dotados de baterias necessárias para o efeito. O mesmo seria, com as devidas adaptações, comprar um automóvel sem motor, uma moto sem rodas ou uma bicicleta sem pedais, reservando-se para um procedimento posterior a sua aquisição”, considerou o TdC.

Transtejo comprou navios sem baterias. Tribunal de Contas fala em decisão ilegal e envia caso para o Ministério Público

A presidente do conselho de administração, Marina Ferreira, apresentou a sua demissão após a divulgação do relatório e numa declaração aos jornalistas disse que “o procedimento foi bem feito e promoveu o interesse público”, afirmando que as considerações do Tribunal de Contas são “ofensivas e ultrajantes”.

Na quinta-feira o PCP e BE também pediram a audição do ministro do Ambiente e Ação Climática e do Conselho de Administração da Transtejo/Soflusa.

Transtejo. PCP e BE pedem audições de ministro do Ambiente e administração da empresa

Além das audições do ministro Duarte Cordeiro e da administração da empresa pedidas por bloquistas e comunistas, o PCP quer ainda ouvir o TdC.

Rui Rocha criticou também o atual estado do serviço de transporte fluvial, com supressões sistemáticas, defendendo, por isso, a privatização deste meio de transporte.

“Vamos entrar esta sexta-feira com uma proposta legislativa no parlamento no sentido de promover a privatização deste serviço“, disse o líder da iniciativa Liberal considerando que o Estado não tem sido capaz de gerir “este serviço essencial de mobilidade dos cidadãos”.

A empresa, adiantou, tem prestado um mau serviço à população, perturbando a vida de milhares de utilizadores deste transporte dia após dia .

“Ninguém consegue organizar a sua vida laboral, a escola dos filhos e o regresso a casa com base num serviço com esta intermitência e com um perfil de fraca qualidade”, frisou.

A Transtejo é responsável pela ligação do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, a Lisboa, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro, também no distrito de Setúbal, e o Terreiro do Paço, em Lisboa. As empresas têm uma administração comum.