O PS quer encerrar o caso entre Belém, São Bento e o Largo do Rato, mas o presidente do partido já voltou a entrar no pingue-pongue a três que decorre desde ontem, altura em que o Presidente da República atacou o pacote da habitação do Governo, o presidente do PS criticou Marcelo e o primeiro-ministro lhe enviou um recado. Carlos César acredita que, pelo meio de tudo isto, o Presidente da República o ouviu.
“Satisfaz-me a ideia de pensar que aquilo que eu achava que o Presidente da República devia ter dito anteontem foi aquilo que disse hoje de manhã”. Numa conferência de imprensa sobre as comemorações dos 50 anos do PS, César considerou que as declarações de Marcelo no aeroporto, antes de embarcar rumo à Cimeira Ibero-Americana na República Dominicana, “tiveram um registo mais apropriado à função presidencial e até pedagógica. Creio que é mais útil à estabilidade do país e do bom governo”.
O presidente do PS admitiu, no entanto, que o plano apresentado pelo Governo tem “debilidades”, ao falar na necessidade de se explorarem “as debilidades e virtudes destas e de outras propostas” no debate que se seguirá à consulta pública e à aprovação das propostas em Conselho de Ministros, na Assembleia da República.
É nesse plano que o Presidente da República já avisou querer “consensos, concretamente com o PSD”. E nessa matéria, o PS não discorda, com Carlos César a dizer que “procurar consensos faz parte da história do PS há 50 anos” e “nas matérias mais relevantes”, disse quando questionado em concreto sobre a habitação.
Em menos de 24 horas sucederam-se declarações políticas de peso sobre o pacote da habitação, começando em Marcelo Rebelo de Sousa, que atirou às medidas da maioria de António Costa. Essas primeiras declarações de Marcelo, que classificou o pacote de “lei cartaz” tiveram resposta do PS, pela voz do presidente do partido que disse que o Presidente estava a pôr em risco “equilíbrio” entre “crítica” e “cumplicidade institucional”.
Já depoius disso, Marcelo promulgou as duas primeiras medidas do pacote do Governo, com apoio às rendas e aos crédito à habitação, mas considerando-as insuficientes, preferindo que existissem também iniciativas legislativas que fossem pela “via fiscal”. Numa nota pouco habitual, o primeiro-ministro anunciou que tinha acabado de referendar os dois diplomas promulgados, aproveitando para dizer que existiam “diversas” iniciativas fiscais entre as suas propostas.
Não ficou por aqui e já esta quarta-feira de manhã, Marcelo voltou a insistir no que tinha dito sobre as insuficiências do plano de Costa para a habitação.