776kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

O filho que não tem TikTok, o apelo do Texas e um Congresso pouco convencido. Cinco horas para rede social garantir que não dá dados à China

Este artigo tem mais de 1 ano

Ouvido no Congresso dos EUA, o CEO do TikTok rejeitou que conteúdos pró-China sejam promovidos. Shou Zi Chew defendeu o Projeto Texas e a moderação de conteúdos. Deputados não pareceram convencidos.

GettyImages-1475626526
i

Shou Zi Chew diz que o TikTok “nunca partilhou dados de utilizadores norte-americanos com o governo chinês"

Getty Images

Shou Zi Chew diz que o TikTok “nunca partilhou dados de utilizadores norte-americanos com o governo chinês"

Getty Images

Para o Congresso dos EUA, os “americanos precisam” e merecem saber a verdade acerca do TikTok, nomeadamente as ligações da plataforma à China. O CEO da rede social, Shou Zi Chew, afirma que não é “promovido ou removido” qualquer conteúdo a pedido do Partido Comunista chinês. Além disso, garante não ver “provas de que o governo chinês tem acesso a informações” de utilizadores norte-americanos: “Nunca nos pediram, nunca lhes demos”. São afirmações que não convenceram os deputados.

Shou Zi Chew foi ouvido pelo Comité de Energia e Comércio do Congresso norte-americano durante mais de cinco horas, tempo em que tentou responder, principalmente, às preocupações acerca da segurança da plataforma, das alegadas ligações à China e do Projeto Texas. Pelo meio, existiu ainda tempo para uma questão pessoal (que foi repetida duas vezes): “Porque é que não deixa o seu filho de oito anos ter TikTok?”.

O CEO vive em Singapura, onde, explica, a versão da aplicação para menores de 13 anos — que conta com proteções adicionais de segurança e privacidade — não está disponível. Por isso, garante que se vivesse nos Estados Unidos, país onde a “versão infantil” foi implementada, deixaria os seus dois filhos utilizarem a rede social.

Congresso pressiona CEO do TikTok sobre ligações à China

As primeiras duas horas de Shou Zi Chew no Congresso ficaram marcadas por questões acerca das alegadas ligações à China e ao Partido Comunista chinês. Começou por recordar que a ByteDance, proprietária chinesa do TikTok, tem cinco membros no conselho de administração, sendo três deles americanos. Além disso, admitiu estar em comunicação constante com Chew Shouzi, o CEO dessa empresa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As afirmações feitas esta quinta-feira por Pequim, que disse opor-se “firmemente” à venda forçada do TikTok que é pedida pelos EUA, não passaram despercebidas entre os deputados, que consideraram que a distância entre o país e a rede social não é tão grande como os dois tentam fazer parecer.

Inicialmente, Shou Zi Chew disse que o “TikTok não está disponível na China”, tendo a sua sede em Los Angeles e em Singapura. Depois, acrescentou que o “Projeto Texas” foi desenhado para “proteger os interesses dos utilizadores norte-americanos”. Questionado pelo republicano Tim WalBerg sobre se concorda com as declarações da China, o CEO disse que não podia falar “em nome de um oficial do governo chinês”.

China opõe-se “firmemente” à venda forçada do TikTok, que é pedida pelos EUA

Há dois anos, um funcionário do TikTok disse numa reunião que “tudo é visto na China”. O CEO negou que essa seja a realidade e discordou da utilização da palavra “espiar”: “O que posso dizer é que, com base na minha posição nesta empresa e na responsabilidade que tenho, essa afirmação simplesmente não é verdade”.

Questionado pela deputada republicana Cathy McMorris Rodgers, que presidiu a audição, sobre se poderia garantir a 100% que a ByteDance e o Partido Comunista chinês não podem usar o TikTok para promover conteúdo pró-Pequim, o CEO disse apenas que pretende manter a rede social “livre de manipulação do governo”.

A China ainda tem acesso a dados de utilizadores norte-americanos?

A presença de Shou Zi Chew no Congresso norte-americano ficou marcada por uma contínua repetição: as mesmas perguntas foram feitas várias vezes, o que levou a que fossem dadas respostas iguais — numa “unificação” rara entre democratas e republicanos.

O escrutínio ao TikTok em aumentado ao longo dos últimos meses. A Comissão Europeia proibiu os funcionários de utilizaram o TikTok e o FBI alertou para os países: estarão estas entidades erradas? Foi a questão feita pela republicana Debbie Lesko. “Eu acho que muitos dos riscos que têm sido apontados são hipotéticos e teóricos. Não vi nenhuma prova”, respondeu o CEO.

Comissão Europeia proíbe funcionários de utilizarem o TikTok

Shou Zi Chew foi várias vezes chamado a atenção por não conseguir responder somente com “sim ou não” quando solicitado. Foi o que aconteceu quando lhe perguntaram se os funcionários da ByteDance na China ainda têm acesso a dados de utilizadores norte-americanos: “É um tópico complexo”. “Depois de o Projeto Texas estar implementado a resposta é não, agora ainda temos que apagar [dados]”, afirmou, considerando que esses dados não estão a ser partilhados e recordado o plano que está em negociações há mais de três anos para responder às preocupações de segurança dos EUA.

Relativamente a dados de utilizadores dos EUA surgiu ainda uma outra questão: “O TikTok recolhe dados de localização precisos?”. O presidente executivo confirmou que essa recolha aconteceu em 2020, mas que a aplicação já não a faz. Nesse seguimento, a deputada Debbie Dingell tentou perceber se as localizações daqueles que têm versões antigas da rede social são ainda recolhidas — Shou Zi Chew disse que as pessoas nessa situação são apenas uma “pequena percentagem” das milhões que utilizam a app e garantiu que os dados não são vendidos a terceiros.

“Texas não é o nome apropriado”. Projeto do TikTok para dar garantias de segurança alvo de críticas

O Projeto Texas esteve no centro das atenções ao longo de toda a audição. Os deputados não se mostraram convencidos pelas garantias de segurança que o TikTok pretende apresentar, acreditando que o plano não tem “a capacidade técnica para dar as garantias” necessárias.

O republicano August Pfluger, do estado do Texas, deixou um pedido: “Por favor, altere o nome. Texas não é o nome apropriado. Defendemos a liberdade e a transparência e não queremos o seu projeto”, que o TikTok descreve como sendo “sem precedentes”.

Shou Zi Chew comparou várias vezes os problemas apontados ao TikTok com o resto da indústria e garantiu que ninguém estava disposto a ir tão longe quanto a aplicação que lidera. Confrontado com a ideia dos deputados de que a rede social deveria ser uma empresa americana, com valores americanos, o CEO contrapôs dizendo que nem todas as redes sociais dos EUA têm um bom histórico de proteção de dados: “Veja o Facebook com a Cambridge Analytica“, atirou. 

12 coisas que tem de saber para perceber a polémica do Facebook e da Cambridge Analytica

Ao longo de quatro horas desta quinta-feira, o CEO recusou-se a responder se tinha ações na ByteDance. Nos minutos finais da audição, à quinta hora e após mencionar a palavra “transparência” várias vezes, admitiu que sim. O valor do salário que recebe da ByteDance foi mantido em segredo.

Os receios do Congresso quanto aos jovens na plataforma

Se o foco principal foi, durante muito tempo, a China e o Projeto Texas existiu ainda espaço para falar sobre os potenciais impactos que a plataforma pode ter nas crianças e nos adolescentes. Para responder aos receios dos membros do Congresso, Shou Zi Chew recordou que o TikTok foi a primeira plataforma a implementar limite de 60 minutos para utilizadores menores de idade e que não permite a menores de 16 anos enviar mensagens privadas.

“Colocar alguns limites levaria a uma percentagem dos seus utilizadores a deixar o TikTok e ir para outra plataforma. É algo que está preparado para aceitar?”, questionou o deputado democrata John Sarbanes. “Sim”, respondeu o CEO, que avançou que cerca de 40 mil pessoas estão envolvidas na moderação de conteúdos da plataforma — número a que se juntam os algoritmos que detetam conteúdos que violam as regras.

TikTok vai implementar limite de 60 minutos para utilizadores menores de idade

Foi durante a discussão da segurança no TikTok que a deputada republicana Kat Cammack mostrou um vídeo partilhado na aplicação há mais de 41 dias com ameaças dirigidas ao Comité do Congresso norte-americano. Passados meros minutos a publicação deixou de estar acessível. Por isso, Tony Cárdenas — o único deputado presente esta quinta-feira no Congresso que, atualmente, tem conta no TikTok — procurou saber se seria feito um maior investimento para “apagar informação prejudicial e mortífera”. “Sim, estamos a investir mais e vamos continuar a fazer isso”, garantiu Shou Zi Chew.

Vários deputados, que são pais, mostraram-se ainda preocupados com a apresentação de “corpos magros” ou de dietas que não são saudáveis aos adolescentes. O TikTok disse que tudo o que é conteúdo que “glorifica distúrbios alimentares” é removido e que trabalha com especialistas para conseguir identificar e apagá-lo mais rapidamente.

GettyImages-1475626519

Cinco horas a ser ouvido pelo Congresso

Getty Images

O que levou o CEO do TikTok ao Congresso?

Os EUA temem que o TikTok, propriedade da chinesa ByteDance, seja utilizada como ferramenta de espionagem ao serviço de Pequim. O Comité de Energia e Comércio do Congresso norte-americano quis ouvir o CEO Shou Zi Chew para obter respostas a três tópicos: privacidade e segurança de dados dos utilizadores; a forma como a plataforma afeta as crianças e a relação com o Partido Comunista chinês.

Num documento fornecido ao Comité um dia antes de ser ouvido, o empresário escreveu que “a ByteDance não é um agente da China ou de qualquer outro país” e afirmou que o TikTok “nunca partilhou, nem recebeu nenhum pedido para partilhar, dados de utilizadores norte-americanos com o governo chinês”. Shou Zi Chew deixou ainda quatro garantias, que repetiu durante a audição: “Manteremos a segurança — especialmente dos adolescentes – uma prioridade máximo para nós”; “protegeremos os dados dos utilizadores dos EUA contra acesso estrangeiro não autorizado”; “o TikTok continuará a ser uma plataforma para a liberdade de expressão e não será manipulado por nenhum governo; “seremos transparentes e daremos acesso a supervisores independentes terceiros, para continuarmos a ser responsáveis pelos nossos compromissos”.

O CEO assegurou que no “centro” do trabalho está o “Projeto Texas”, um plano que é negociado, desde 2019, entre o TikTok e os norte-americanos para dar garantias de segurança. Nesse sentido, para responder às preocupações e “para assegurar que os dados de todos os norte-americanos são armazenados nos EUA e alojados por uma empresa americana sediada nos EUA”, a plataforma contratou os serviços da empresa de tecnologia Oracle para armazenar “os dados dos utilizadores do TikTok nos EUA”. Por isso, garantiu Shou Zi Chew no documento, “atualmente 100% do tráfego dos utilizadores norte-americanos está a ser encaminhado para infraestruturas controladas pela Oracle e pelo USDS [United States Digital Service]”.

Avisos do FBI, acesso indevido a dados, proibições e receios de espionagem. É o fim da linha do TikTok nos EUA?

Além disso, o TikTok afirmou que iniciou, no início deste mês, o “processo de eliminação de dados protegidos de utilizadores norte-americanos [que estavam] armazenados em servidores que não pertencem à Oracle”. “Esperamos que este processo seja concluído no final deste ano. Quando o processo estiver concluído, todos os dados protegidos dos EUA estarão sob proteção da lei norte-americana e sob controlo da equipa de segurança liderada pelos EUA. Sob esta estrutura, não há nenhuma forma de o governo chinês ter acesso ou obrigar o acesso” a essas informações.

Apesar das garantias dadas por Shou Zi Chew ainda antes de ser ouvido, o The Wall Street Journal avançou que assessores dos deputados republicanos que fazem parte do comité afirmaram que não há nada que o CEO possa dizer que os façam mudar de ideias: querem proibir o TikTok nos EUA. Num vídeo partilhado esta terça-feira, cerca de 48 horas antes de ser ouvido, o líder do TikTok dava conta de que existem mais de 150 milhões de utilizadores mensalmente ativos só nos EUA: “Alguns políticos começaram a falar sobre banir o TikTok. Isso pode retirar o TikTok de 150 milhões de vocês.”

@tiktok

Our CEO, Shou Chew, shares a special message on behalf of the entire TikTok team to thank our community of 150 million Americans ahead of his congressional hearing later this week.

♬ original sound - TikTok

Os receios de espionagem por parte dos norte-americanos fizeram com que o Comité do Investimento Estrangeiro, do Departamento do Tesouro, tenha ameaçado banir o TikTok nos EUA se a rede social permanecer nas mãos da ByteDance. Apesar de a plataforma ter desvalorizado os pedidos, o escrutínio tem aumentado. Neste momento, o Departamento de Justiça e o FBI investigam o TikTok por alegada vigilância a jornalistas.

Departamento da Justiça dos EUA e FBI investigam TikTok por alegada vigilância a jornalistas

Assine a partir de 0,10€/ dia

Nesta Páscoa, torne-se assinante e poupe 42€.

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver oferta

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine a partir
de 0,10€ /dia

Nesta Páscoa, torne-se
assinante e poupe 42€.

Assinar agora