Um político nigeriano foi acusado de tráfico de órgãos pelas autoridades do Reino Unido, crime que terá cometido com a ajuda da mulher e do seu médico. Segundo um comunicado da Procuradoria Geral, citado pela CNN, o senador Ike Ekweremadu, a mulher, Beatrice, e o médico Obinna Obeta terão traficado um homem de 21 anos da Nigéria para Londres para que fosse dado um rim à filha do senador.

Tudo terá acontecido quando a filha do senador, Sonia Ekweremadu, se encontrava a tirar um mestrado em cinema na Universidade de Newcastle e uma doença renal a obrigou a interromper os estudos. O homem de 21 anos, segundo a acusação, foi então seduzido, através de um prémio monetário e de uma promessa de trabalho no Reino Unido, a viajar para Londres e doar um rim.

Em fevereiro de 2022, o jovem terá sido levado para um hospital em Londres onde foi apresentado como sendo primo de Sonia – a mentira teria como objetivo levar os médicos a realizarem a operação. Para conseguir concretizar o plano, os acusados terão decidido subordinar um funcionário administrativo do hospital. Este teria como missão traduzir os diálogos entre a vítima (que falaria em igbo, língua do povo origináario da região sudeste da Nigéria) e os profissionais de maneira a provar que o jovem era um dador de boa índole. No entanto, a situação levantou suspeitas médicas e o transplante foi suspenso. O homem de 21 anos passou três dias em situação de sem-abrigo, antes de entrar em contacto com as autoridades e explicar o sucedido.

Em tribunal, segundo o The Guardian, o procurador Hugh Davies explicou que o comportamento de Ike Ekweremadu revelou “desonestidade e hipocrisia“, uma vez que o político e advogado fundou uma instituição de caridade contra a pobreza que ajudou a desenvolver a legislação da Nigéria contra o tráfico de órgãos.

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[Eki Ekweremadu] concordou em recompensar alguém por um rim para a sua filha”, explicou o procurador. “Alguém em circunstâncias de pobreza e de quem ele se distanciou e não fez perguntas, e com quem, para sua proteção política, recusou qualquer contacto direto.”

Hugh Davies continuou: “Em nenhum momento houve qualquer intenção de um membro da família, próximo ou distante, fazer aquilo pelo qual [Ike] pagaria a uma imensidão de doadores.”

Os três acusados negaram o seu envolvimento no caso. O senador afirmou estar a ser vítima de um embuste, ao passo que Beatrice negou ter conhecimento de qualquer situação de tráfico de órgãos. O médico, Obinna Obeta, manteve a convicção em como não foi oferecido nenhum prémio monetário à vítima e que esta iria doar o seu rim por razões puramente altruístas.

“Os acusados não mostraram qualquer preocupação para com o bem estar da vítima, a sua saúde e usaram a sua influência para controlo, tudo isto com a vítima a ter uma perceção limitada do que estava realmente a acontecer“, afirmou a procuradora Joanne Jakymec. A sentença será conhecida no dia 5 de maio.