A visita de Estado do Rei Carlos III e da rainha consorte Camila a França foi adiada após os protestos violentos dos últimos dias, de acordo com a a BBC, que cita a presidência francesa.
Pelo menos um milhão de manifestantes nos protestos de França. Há 457 detidos
A viagem oficial dos monarcas, a primeira desde que assumiu o trono, estava prevista começar no domingo, com passagens por Paris e Bordéus e um banquete oficial com o Presidente francês Emmanuel Macron. No entanto, as últimas horas assistiram a algumas das mais violentas manifestações no país desde o início do ano, relacionadas com o aumento da idade da reforma, dos 62 para os 64 anos.
Na capital francesa, graffitis nas paredes visavam diretamente o rei: “Carlos III, conheces a guilhotina?”, podia ler-se. Em Bordéus, por onde o monarca também iria passar, a entrada para a câmara municipal foi incendiada pelos manifestantes.
O governo britânico confirmou que a decisão “foi tomada em conjunto por ambas as partes”, e partiu de um pedido do Presidente francês para que se adiasse a visita. Em comunicado, o Palácio de Buckingham confirmou que o adiamento está relacionado com “a situação francesa”, afirmando ainda que “as Majestades aguardam ansiosamente pela oportunidade de visitar França assim que possível”.
Do lado francês, o Palácio do Eliseu (residência oficial do Presidente francês) revelou que Emmanuel Macron falou ao telefone com Carlos III na manhã desta sexta-feira, e que a visita será reagendada assim que possível.
O adiamento da visita acaba por contrariar a posição anteriormente manifestada pelos responsáveis oficiais, que garantiam não haver nenhum risco para a segurança do monarca. A visita de Carlos III ao país já estava a levantar preocupação nos últimos dias, havendo quem defendesse que o timing do encontro entre os chefes de Estado poderia exacerbar ainda mais os ânimos.
O protocolo habitual esteve mesmo para ser alterado, com o banquete de Estado, que deveria acontecer no Palácio de Versalhes, em vias de mudar de localização para o museu do Louvre. Fontes do Palácio do Eliseu explicaram que a possível alteração se prendia com o receio de “atiçar o fervor revolucionário” dos franceses — em especial atendendo ao peso simbólico de Versalhes, e à sua ligação com a Revolução Francesa de 1789.
Se dúvidas existissem de que os ânimos estão cada vez mais exaltados, na quinta-feira os confrontos entre manifestantes e autoridades bloquearam um terminal de aeroporto e acabaram na detenção de mais de 400 pessoas, com pelo menos 441 agentes da polícia feridos. Para esta sexta-feira, estão previstas novas ações de protesto.