Profissionalmente, Éder Lopes e Susana Torres já não têm qualquer ligação desde outubro de 2016. Por muito que pessoalmente também não mantivessem grande contacto desde então, com o comunicado emitido esta segunda-feira à noite pelo futebolista as relações entre o futebolista e a sua antiga “mental coach” estarão definitivamente cortadas.

O texto, publicado no Instagram, veio colocar um ponto final na polémica que se prolonga há várias semanas e que este domingo tinha levado Susana Torres, especialista que desde a vitória no campeonato europeu de futebol em 2016 tem sido apresentada como “a mental coach de Éder”, a acusar o jogador de “ingratidão”.

“Já que falamos em gratidão, creio que Susana Torres podia ser-me grata também por esse meu silêncio. Acredito até que as invenções tenham vindo a ser cada vez mais exageradas porque a Susana acreditou, conhecendo o meu perfil, que eu nunca a desmentiria“, escreveu o futebolista. “Acontece que, há dias, num programa da Rádio Renascença, fui confrontado com algumas das declarações que a Susana fez sobre mim. Tive, obviamente, que dizer que são falsas. Ser grato é permitir que a outra pessoa minta a nosso respeito? Não creio. Não tenho qualquer interesse em alimentar guerras nas redes sociais, pelo que esta será a primeira e última publicação que faço sobre este tema.”

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Na referida entrevista à Rádio Renascença, na semana passada, Éder já tinha dado os primeiros sinais de que a relação com a “mental coach”, a quem fez questão de agradecer depois de ter marcado o golo da vitória de Portugal na Final do Euro 2016, já teria conhecido melhores dias.

No programa “As Três da Manhã”, de Ana Galvão, Inês Lopes Gonçalves e Joana Marques ( a humorista que é também responsável pela rubrica “Extremamente Desagradável” e que a 9 de março dissecou uma entrevista de Susana Torres), Éder já tinha desmentido a antiga “mental coach”.  “Não me incomoda o sucesso, o que me incomoda é o que não é verdade”, respondeu o futebolista, de 35 anos, quando questionado sobre as frequentes menções de Susana Torres aos anos em que trabalhou consigo.

Este domingo, através de um vídeo partilhado também via Instagram, a “mental coach” acusou o futebolista de ingratidão e recuperou os recortes de jornais de 2016 para reclamar a sua participação no processo que culminou com o golo de Éder na final contra a França.

A “confiança” de Éder chama-se Susana Torres

Menos de 24 horas mais tarde, o jogador, atualmente sem clube, abriu o livro e acusou diretamente Susana Torres de mentir. “Aquilo a que assisti nos últimos anos foi um aproveitamento da minha história por parte da Susana, apropriando-se inclusivamente daquele golo na final do Euro-2016. Fala dele como sendo dela, que em entrevistas, quer no seu site onde podemos ler ‘um campeonato europeu de futebol conquistado’”, pode ler-se no comunicado, onde Éder faz questão de reforçar que será sempre grato à “mental coach”, pelo trabalho que fez com ele “num período difícil da carreira”.

“É um detalhe, porém, bastante revelador da postura adotada pela Susana Torres, que se tem desdobrado em entrevistas onde, na tentativa de tornar o seu feito cada vez mais épico, vai adicionando cada vez mais mentiras a meu respeito.”

Eis o texto completo do comunicado:

No final do jogo que deu a Portugal a vitória no Euro-2016, fiz questão de agradecer à Susana Torres, mental coach com quem trabalhava nessa altura. Fi-lo (e voltaria a fazê-lo) porque acredito que devemos ser gratos, e quis retribuir essa ajuda, contribuindo também para o sucesso profissional da Susana. Fico, por isso, perplexo, quando vejo agora Susana Torres acusar-me de ingratidão.

Deixei de trabalhar com a Susana em outubro de 2016, quatro meses depois do Campeonato da Europa, porque percebi que já não tínhamos o mesmo objetivo: eu queria concentrar-me na minha carreira de futebolista e a Susana queria que eu pedisse folgas ao meu treinador para vir a Portugal dar entrevistas para promover o seu trabalho (incluindo o livro para o qual cedi a minha imagem e história, sem receber um cêntimo em troca).

Mais uma vez reforço que não me arrependo de nada do que fiz nessa altura. Talvez tenha sido ingénuo. Aquilo a que assisti nos últimos anos foi um aproveitamento da minha história por parte da Susana, apropriando-se inclusivamente daquele golo na final do Euro-2016. Fala dele como sendo dela, que em entrevistas, quer no seu site onde podemos ler ‘um campeonato europeu de futebol conquistado’. É um detalhe, porém, bastante revelador da postura adotada pela Susana Torres, que se tem desdobrado em entrevistas onde, na tentativa de tornar o seu feito cada vez mais épico, vai adicionando cada vez mais mentiras a meu respeito.

Numa delas, em que se apresenta como ‘maior coach de alta performance da Europa’, disse, entre outras coisas:

– Que lhe pedi para ir jogar para o Barcelona: é falso (quem me conhece sabe que sempre fui um jogador humilde e com os pés bem assentes na Terra);

– Que Fernando Santos me prometeu que eu iria entrar num determinado jogo: é falso (basta perguntarem ao mister se isto alguma vez aconteceu);

– Que a Susana me mandou procurar clubes europeus em zona de despromoção e que eu próprio liguei para oito treinadores e ouvi ‘não’ de todos, menos de um: é falso (e qualquer pessoa que entenda o mínimo de futebol profissional sabe que isto não acontece);

– Que o treinador que me aceitou na sua equipa combinou comigo que eu faria três jogos a titular e se corressem bem ficava na equipa: é falso (e, mais uma vez, é perguntar a esse tal treinador);

– Que fui ganhar 2 milhões de euros para Inglaterra: é falso (e facilmente comprovável);

– Que lhe liguei a chorar: é falso

Esta última, apesar de ser uma invenção bastante reveladora do carácter da Susana Torres, é a que menos me belisca. Não chorei, mas ainda que tivesse chorado: seria legítimo, da parte de um profissional de coaching fazer este tipo de revelação acerca dos seus clientes? Onde ficam a confidencialidade e a ética no meio disto? Susana Torres parece achar que por termos trabalhado juntos tem o direito de passar o resto da vida a distorcer a minha história, para dela tirar proveito.

Assisti a tudo isto calado, nos últimos sete anos, e, já que falamos em gratidão, creio que Susana Torres podia ser-me grata também por esse meu silêncio. Acredito até que as invenções tenham vindo a ser cada vez mais exageradas porque a Susana acreditou, conhecendo o meu perfil, que eu nunca a desmentiria. Acontece que, há dias, num programa da Rádio Renascença, fui confrontado com algumas das declarações que a Susana fez sobre mim. Tive, obviamente, que dizer que são falsas. Ser grato é permitir que a outra pessoa minta a nosso respeito? Não creio. Não tenho qualquer interesse em alimentar guerras nas redes sociais, pelo que esta será a primeira e última publicação que faço sobre este tema.

A Susana Torres pode continuar a fazer vídeos e a tentar manipular a opinião das pessoas como entender, essa é mais a área de especialização dela, não a minha. Estarei sempre agradecido pelo processo de coaching que fiz com a Susana Torres, num período difícil da minha carreira, mas a Susana como pessoa já perdeu o meu respeito há muito tempo.