A apresentadora de televisão, atriz, cantora e socialite Ana Obregón está no centro de uma tempestade mediática em Espanha por ter recorrido a uma barriga de aluguer em Miami, nos Estados Unidos da América, para ser mãe de uma menina aos 68 anos. A notícia foi avançada a poucos minutos da meia-noite pela revista Semana e publicada pouco depois na capa da edição desta quarta-feira, 29 de março, da revista Hola!.

Em reação à notícia, a ministra da Igualdade, Irene Montero, recordou que as barrigas de aluguer são ilegais em Espanha, sendo a gravidez contraída a troco de dinheiro considerada uma “forma de violência contra as mulheres” em situação de probreza. Já a chefe do Tesouro, María Jesús Montero, classificou-a como “exploração do corpo da mulher”, de acordo com o El País.

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Na revisão da lei do aborto espanhola, pode ler-se que as “técnicas de reprodução humana assistida” que continuam a ocorrer sob “proteção de normativas internacionais diversas” devem “ser reconhecidas legalmente como forma grave de violência reprodutiva” e tomadas “medidas no campo da sua prevenção e repressão.” Esta é a terceira reforma da Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva e entrou em vigor no início deste mês de março.

Como se posicionam os partidos?

O Vox já veio desmentir por via de um comunicado de imprensa o seu porta-voz parlamentar, Iván Espinosa de los Monteros — que havia declarado que o partido não tinha uma posição definida em relação ao caso —, reafirmando a rejeição da maternidade por via de barrigas de aluguer e insistido na necessidade de tomar medidas para a impedir, como a aplicação de sanções, escreve o La Vanguardia.

Regular a prática para dar “segurança jurídica” aos “direitos dos menores” é a proposta de Edmundo Bal, vice-porta-voz parlamentar do Ciudadanos, cuja solução para o tema seria de adotar um sistema “altruísta” em que “não se aluga um útero”, podendo as barrigas de aluguer existir numa esfera em que não existe retribuição monetária.

Tanto o porta-voz do IU, Enrique Santiago, como a do Más Madrid, Rita Maestre, reagiram em condenação à prática. Já Concepción Gamarra, porta-voz do PP, não tomou uma posição clara. “É um tema complexo, que merece debates profundos e serenos”, declarou.

“Nunca mais estarei sozinha. Voltei a viver”

No meio desta tempestade política e mediática, Ana Obregón já veio reagir no Instagram, onde é seguida por mais de 1 milhão de pessoas. “Apanharam-nos!”, começa por escrever ao lado da capa da “Hola!”, onde é vista a sair da clínica de Miami com a menina, a que chamou Ana, nos braços. “Chegou uma luz cheia de amor à minha escuridão. Nunca estarei sozinha. Voltei a viver.”

A mensagem parece uma resposta às primeiras palavras que escreveu nas redes sociais em maio de 2020, depois da morte trágica do seu único filho, Álex Lequio, aos 27 anos, vítima de Sarcoma de Ewig, um tipo raro de cancro que afeta principalmente os ossos. “A minha vida acabou”, declarou na altura a socialite. Mas o luto na vida de Ana Obregón não ficou por aqui. No ano seguinte, em 2021, despediu-se da mãe e, em setembro de 2022, morreu o seu pai.

“Foi como um rugido que cruzou o céu para reencontrar a mamã, o amor da sua vida, e o meu filho, o seu netinho preferido”, escreveu sobre a morte do pai no Instagram.

O filho de Ana Obregón, Alejandro Alfonso Lequio García, completaria 28 anos em junho de 2020 e estava a lutar contra a doença há dois anos, tendo passado 7 meses em tratamentos no prestigiado Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova Iorque. O caso foi acompanhado de perto pelo país vizinho uma vez que Álex, nome por que era popularmente tratado, era o único filho da muito mediática relação da apresentadora de televisão com o conde Alessandro Lecquio, famoso ator hispano-italiano.

A relação entre os dois foi um tema quente nos tablóides espanhóis ao longo de várias décadas. Conheceram-se em 1987 em Itália, tendo sido apresentados pela então mulher de Alessandro Lecquio, a modelo italiana Antonia Dell’Atte, conhecida como uma das musas de Giorgio Armani e mãe do seu primeiro filho, Clemente.

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Ana Obregón e Alessandro Lecquio em 1991

Reencontraram-se em 1991 e Lecquio deixou a mulher por Obregón. Os desentendimentos e insultos públicos entre os três só terminaram mais de 20 anos depois, tendo-se consolidado oficialmente quando Álex, nascido em 1992, foi diagnosticado com a forma rara de cancro. No entanto, a relação entre o famoso casal durou pouco: separaram-se em 1994, devido a uma suposta traição do conde que alargou a esfera dos desentendimentos e atraiu ainda mais atenção da imprensa.

[Já saiu: pode ouvir aqui o terceiro episódio da série em podcast “O Sargento na Cela 7”. E ouça aqui o primeiro episódio e aqui o segundo episódio. É a história de António Lobato, o português que mais tempo esteve preso na guerra em África.]