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Milhares de franceses voltaram esta quinta-feira à rua em várias cidades para novas manifestações contra a reforma do sistema de pensões, naquele que é já o 11.º dia de grandes protestos em torno do tema das pensões em França e que, de acordo com os relatos da imprensa francesa, logo ao final da manhã, já estava a ser marcado por alguma violência na contestação nas ruas. “Quase 2 milhões” de pessoas manifestaram-se na capital esta quinta-feira, de acordo com os sindicatos citados pelo Le Parisien. O Ministério do Interior identificou 570 mil.

Segundo o governo francês, pelo menos 111 pessoas foram detidas e 154 polícias ficaram feridos, incluindo uma agente atingida no capacete com uma pedra da calçada. Quanto aos manifestantes feridos, que a agência de notícias francesa AFP constatou existirem, o seu número não foi até agora disponibilizado.

Ao final da tarde, foi revelado que a CGT convocou uma 12.ª jornada de greves e manifestações para 13 de abril, na véspera de uma decisão muito aguardada do Conselho Constitucional, que deverá pronunciar-se sobre a constitucionalidade desta nova lei das pensões impulsionada por Macron.

Confrontos em todo o país e um “alvo” especial

Durante a manhã, os protestantes invadiram o quartel-general da BlackRock, uma das maiores gestoras de fundos do mundo, onde acenderam tochas com fumo vermelho, lançaram fogos de artifício e libertaram bombas de fumaça. De acordo com o Le Parisien, a ocupação terminou por volta das 12h53 (hora local).

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Ao início da tarde, o principal foco de tensão na cidade de Paris situava-se em frente ao restaurante La Rotonde — que, segundo o Le Figaro, é um dos restaurantes favoritos de Emmanuel Macron e um símbolo do seu mandato presidencial —, no bairro de Montparnasse. Foi naquele restaurante que Macron celebrou a vitória eleitoral e assinalou a reabertura dos estabelecimentos após os confinamentos da pandemia.

De acordo com as imagens transmitidas pelas televisões, o restaurante estava protegido por um forte dispositivo policial, mas ainda assim um conjunto de manifestantes pegou fogo aos toldos do restaurante — e o pequeno incêndio teve de ser apagado pelos bombeiros com a ajuda dos funcionários do restaurante.

Durante a tarde, as tensões aumentaram entre os manifestantes e a polícia de choque em Paris, com vários confrontos físicos violentos. A polícia recorreu a cordões de segurança e usou gás lacrimogéneo para afastar as multidões.

Em Toulouse, a violência policial também durante a tarde, com vários confrontos que foram registados por utilizadores do Twitter. Num dos vídeos publicados, os polícias são vistos a usar os seus cassetetes e a arrastar manifestantes pelo chão.

Ao final da tarde, em Paris, a Praça de Itália tornou-se o foco do protesto quando uma abertura de gás pegou fogo, gerando uma enorme nuvem de fumo. A situação foi entretanto controlada pelos bombeiros.

Os manifestantes também pegaram fogo a um pinheiro e a um carrinho de compras, nessa mesma praça.

As manifestações, organizadas pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), sucedem a um conjunto de outras grandes manifestações realizadas nas últimas semanas. A última, a 28 de março, levou às ruas mais de 2 milhões de pessoas, de acordo com a organização — enquanto os números das autoridades apontam para 740 mil manifestantes.

Como explica o Le Monde, este 11.º dia de manifestações surge na sequência de uma reunião entre os sindicatos e a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, que resultou no fracasso da principal reivindicação: a retirada da lei que prevê o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos, que foi aprovada no Parlamento francês através de um expediente constitucional que permite ao Governo forçar a aprovação de uma medida sem os votos da câmara baixa.

Para meados de abril espera-se uma decisão do Conselho Constitucional sobre se a medida é ou não conforme com a Constituição.

Reunião entre governo francês e sindicatos fracassou

O que é certo, para já, é que a primeira-ministra francesa reiterou aos sindicatos a sua intenção de manter a lei, o que, para os manifestantes, representa uma decisão “grave” que pode abrir uma “crise democrática” no país.

Em resposta ao fracasso da reunião, a CGT leva esta quinta-feira à rua centenas de milhares de pessoas para mais um dia de grandes manifestações, a que se junta uma significativa greve na educação e fortes disrupções nos serviços de transportes em todo o país.

Em várias cidades do país, incluindo a capital, Paris, mas também Marselha, Lyon e Bordéus, milhares de manifestantes começaram desde cedo a montar bloqueios em diferentes pontos — incluindo em universidades, onde há uma grande adesão por parte dos estudantes aos protestos.