Operacionais da Força Aérea de Taiwan estão a colocar nos seus uniformes um crachá onde um urso preto dá um murro a Winnie the Pooh. O famoso urso criado pelo escritor britânico Alan Alexander Milne é usado desde há algum tempo para caricaturar o presidente da China, Xi Jinping. Já o urso preto, uma espécie animal endémica em Taiwan, simboliza as tropas da antiga ilha da Formosa no seu constante conflito pela independência não aceite pela República Popular chinesa. O distintivo possui ainda as palavras “scramble (sacudir)”, “aberto 24 horas” e “luta pela liberdade”. E tornou-se viral.
Alec Hsu, proprietário da loja “Wings Fan Goods Shop” e autor do desenho, vende o crachá desde o ano passado, mas só recentemente é que registou um aumento na procura. No sábado, a Military News Agency de Taiwan publicou uma foto onde um piloto de aviões estava a usar no seu uniforme o distintivo concebido por Hsu e desde então que o objeto se tornou um êxito. O dono do estabelecimento vende o distintivo por seis dólares e cinquenta cêntimos, de acordo com o Channel NewsAsia.
台灣空軍IDF戰機聯隊新臂章:黑熊打維尼
One punch ! https://t.co/bPaqz0K0OQ pic.twitter.com/oQvuqt4Wc5— 新‧二七部隊 軍事雜談 (New 27 Brigade)???????????????????????? (@new27brigade) April 9, 2023
O confronto entre as duas nações tem sofrido novos desenvolvimentos não só devido aos exercícios militares realizados pela China junto à ilha, mas também devido à visita da presidente de Taiwan aos Estados Unidos da América, vista como uma espécie de ‘desafio’, quer por parte de Taiwan, quer dos EUA. Tsai Ing-wen foi recebida pelo líder da maioria Republicana na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy.
O crachá serve para “elevar o estado de espírito das tropas taiwanesas”, sublinha Hsu. As autoridades de Taiwan referem ainda que não encorajam o seu uso, mas irão manter uma “mente aberta” sobre formas de elevar a moral dos seus militares.
Desde 2013 que têm sido feitas várias comparações entre o estadista asiático e o desenho animado de Milne. A primeira caricatura remonta a uma visita de Xi Jinping aos Estados Unidos da América onde se encontrou com o seu homólogo na altura, Barack Obama. Uma fotografia descontraída dos políticos foi comparada a uma de Pooh e Tigger, o tigre que é amigo do urso amarelo.
Em 2015, uma imagem de um brinquedo onde Winnie está a conduzir um carro acabou por ser a mais censurada na China, por ser comparada a Xi Jinping aquando da sua participação numa parada oficial.
A China tem sucessivamente censurado alguns filmes de Winnie the Pooh de serem transmitidos nos seus cinemas. Em março deste ano, a distribuidora do filme “Winnie-the-Pooh: Blood and Honey” cancelou a exibição em Hong Kong e Macau sem ter dado qualquer explicação.
Já o realizador do filme referiu à Reuters ter acontecido “algo misterioso”, salientado que a decisão foi baseada em “razões técnicas”. “Mas não há nenhuma razão técnica. O filme já foi exibido em mais de quatro mil salas de cinema em todo o mundo e as 30 salas em Hong Kong foram as únicas que apresentaram estes problemas”, explicou Rhys Frake-Waterfield.
Em 2018, o filme “Christopher Robin” foi também alvo de censura, sendo que também nesse ano as autoridades chinesas não explicaram a proibição. A China permite apenas a exibição de 34 filmes estrangeiros por ano nos seus cinemas.