Os sindicatos representativos dos trabalhadores da Lusa questionaram esta terça-feira o ministro da Cultura se “é um privilégio não ter aumentos salariais há 12 anos”, criticando as declarações recentes de Pedro Adão e Silva no parlamento.
“O Estado deve dar o exemplo, mas neste momento a proposta que está em cima da mesa [de 74 euros de aumento salarial] é melhor do que aquela que conhecemos para grupos de comunicação social privados. A remuneração dos trabalhadores da Lusa quando comparada com as do setor é melhor, não estou a dizer que é bom, gostava imenso de aumentar mais os salários em todas as empresas e entidades que tutelo, mas há um equilíbrio a alcançar entre aumentos e sustentabilidade da empresa”, afirmou o governante em 12 de abril, no parlamento.
Em comunicado conjunto, os sindicatos dos Jornalistas (SJ), dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) e dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE) questionaram o ministro da Cultura se “é um privilégio não ter aumentos salariais há 12 anos”.
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Referindo-se à audição de Pedro Adão e Silva na referida comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, os sindicatos acusam o governante de ter dado “a entender que os trabalhadores da Lusa são uns privilegiados”.
Os sindicatos classificaram ainda de “uma vergonha” que o “ministro queira nivelar os salários da Lusa tendo por base um setor onde se praticam remunerações indignas e precárias”.
O ministro da Cultura, acrescentam, “citou dados do ministério do Trabalho, segundo os quais o salário médio na Lusa é de 2.726 euros brutos nos homens (face à média de 2.077 euros no setor) e 2.493 nas mulheres (face a 1.734 euros no setor)”.
Tendo em conta “apenas os jornalistas, um estudo de 2017 do ISCTE (onde o ministro se formou e lecionou e cuja credibilidade não põe seguramente em causa) concluiu que mais de 50% dos jornalistas em Portugal recebem menos de 1.000 euros líquidos e que um terço trabalha com vínculo precário”, prosseguem.
Os sindicatos apontam que a agência de notícias “contribui fortemente para esta realidade, sobre a qual o ministro já foi alertado pelos órgãos representativos dos trabalhadores”, referindo a existência de “precários que recebem remunerações líquidas inferiores ao salário mínimo nacional”.
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No comunicado, os sindicatos esclarecem que tanto o seguro de saúde como os 25 dias de férias foram contrapartidas negociadas para compensar o facto de não haver aumentos salariais.
“Senhor ministro da Cultura, 12 anos sem aumentos salariais não é um privilégio. Aliás, além dos já 12 anos sem aumentos salariais, a perspectiva é de mais seis anos sem qualquer aumento real de vencimentos dos trabalhadores desta casa. Isto porque o novo contrato-programa não prevê nem contempla qualquer valor para esse efeito”, insistem os sindicatos.
Os trabalhadores da Lusa estiveram em greve quatro dias – de 30 de março a 02 de abril -, período em que não houve serviço noticioso. Está agendado para esta terça-feira um plenário de trabalhadores da Lusa.
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