O Reino Unido e os EUA anunciaram a saída do seu staff diplomático e respetivos familiares do Sudão. No sábado, o exército do país tinha-se comprometido a permitir a saída de nacionais do Reino Unido, dos EUA, de França e da China em segurança, avançou a BBC com base num comunicado do líder do exército do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan. Um cidadão francês foi baleado durante uma operação de retirada.

O anúncio do Exército sudanês para a retirada de cidadãos do Reino Unido, dos EUA, de França e da China seguiu-se a uma promessa feita pelo líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido, Mohamed Hamdan Dagalo, rival de Abdel Fattah al-Burhan, de que abriria os aeroportos para a retirada de cidadãos.

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Ainda no sábado, escreve a Reuters, os EUA anunciaram que o staff na sua embaixada e respetivos familiares foram retirados em segurança e que vão continuar a garantir a segurança dos restantes cidadãos norte-americanos do país. Ao todo, foram retiradas menos de 100 pessoas, incluindo cidadãos de outros países.

Já este domingo foi o Reino Unido a anunciar a saída do pessoal diplomático do país e seus familiares do Sudão. “As forças armadas britânicas procederam a uma operação de retirada complexa e rápida do Sudão de diplomatas britânicos e das suas famílias, num contexto de escalada da violência e de ameaças ao pessoal da embaixada”, escreveu Rishi Sunak no Twitter. “Continuamos a procurar soluções para pôr fim ao banho de sangue no Sudão e garantir a segurança dos cidadãos britânicos que ficaram no país”, acrescentou.

O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, precisou que o Reino Unido realizou esta operação “ao lado dos Estados Unidos, da França e de outros aliados”, o que envolveu “mais de 1.200 pessoas” das forças armadas britânicas. Também este domingo soube-se que um cidadão francês foi baleado durante uma operação de retirada, que foi iniciada durante a manhã e que abrangeu cidadãos de outros países europeus.

O governo britânico já tinha dito que está a fazer “tudo o que é possível” para ajudar os seus nacionais que estão retidos no Sudão, incluindo diplomatas em Cartum. As tropas britânicas e norte-americanas foram mobilizadas para mais perto do país perante a evacuação iminente.

O exército e as Forças de Apoio Rápido acordaram um cessar-fogo de três dias para as celebrações do Eid al-Fitr, mas à BBC Mariam al-Mahdi, ex-ministra sudanesa dos Negócios Estrangeiros, que está em Cartum, disse que esse cessar-fogo não está a acontecer. Segundo relata, está há 24 horas sem eletricidade e sem água há seis dias. E há corpos nas ruas.

Vários países anunciaram a retirada dos seus cidadãos. Espanha, por exemplo, também disse que seis aviões estão a ser enviados para Djibouti para retirar cidadãos espanhóis e de outras nacionalidades. A Arábia Saudita também está a retirar os seus cidadãos e outros de países vizinhos. O aeroporto internacional de Cartum tem estado fechado devido à violência, o que não tem permitido a saída de estrangeiros.

Quanto aos 16 portugueses que estão no Sudão, o Ministério dos Negócios Estrangeiros disse este domingo que está a trabalhar com o Ministério da Defesa nos esforços para garantir a retirada em segurança. Os portugueses já foram contactados.

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O Sudão vive um conflito armado entre o Exército do país e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla original), que já provocou centenas de mortes e milhares de feridos, sobretudo civis. Em causa estão rivalidades entre o líder do país desde o golpe de 25 de outubro de 2021 e Abdel Fattah al-Burhan, e o seu braço direito, Mohamed Hamdane Dagalo, chefe das RSF.

Artigo atualizado com informação da retirada dos cidadãos norte-americanos e britânicos e novo ponto de situação do MNE português