O Presidente chinês assegurou ao seu homólogo ucraniano que a China sempre esteve do lado da paz, durante a primeira conversa telefónica entre os líderes desde o início da guerra na Ucrânia, divulgou esta quarta-feira a televisão estatal CCTV.

“Sobre o tema da crise ucraniana, a China sempre esteve do lado da paz e a sua posição fundamental é promover um diálogo de paz”, afirmou Xi Jinping ao chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, segundo o canal de televisão chinês. “O diálogo e a negociação” são a “única saída” do conflito com a Rússia, sublinhou.

Nesse sentido, o Presidente chinês garantiu que Pequim não vai “atiçar as chamas” da guerra na Ucrânia — uma aparente referência aos receios internacionais de que a China pode estar a preparar-se para fornecer armas ao Kremlin.

De acordo com o Politico, que cita a agência chinesa Xinhua, o líder do regime chinês não comentou diretamente a possibilidade de enviar armas para a guerra, mas, em todo o caso, sublinhou que Pequim quer trabalhar rumo um fim negociado para o conflito, e que não pretende “lucrar” com a guerra.

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Zelensky declarou que manteve uma conversa “longa e significativa” com o seu homólogo chinês, através da rede social Twitter. O Presidente ucraniano também disse esperar “um poderoso impulso no desenvolvimento das relações bilaterais” entre Kiev e Pequim.

Debruçando-se sobre o assunto no Telegram, Zelensky frisou que “ninguém quer a paz mais do que o povo ucraniano”, mas que é importante garantir que um eventual acordo é sustentável, e voltou a rejeitar a ideia de ceder território à Rússia.

“Não pode haver paz à custa de cedências territoriais. A integridade territorial da Ucrânia deve ser restaurada de acordo com as fronteiras de 1991”, reiterou.

Esta é a primeira conversa conhecida entre os dois líderes desde o início da guerra na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. O último contacto teria sido em julho de 2021.

Após a conversa telefónica entre os dois chefes de Estado, o governo chinês garantiu que vai enviar um representante à Ucrânia com o objetivo de alcançar uma solução política para o conflito.

“A parte chinesa enviará um representante especial do governo chinês, encarregado da Eurásia, para a Ucrânia e outros países para realizar intercâmbios aprofundados com todas as partes com o objetivo de alcançar uma solução política para a crise ucraniana”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês numa conferência de imprensa.

A China divulgou um documento de 12 pontos em fevereiro descrevendo a sua posição sobre o conflito na Ucrânia. A iniciativa, às vezes vista como um plano de paz, insta principalmente Moscovo e Kiev a manterem conversações.

O texto também se opõe a qualquer recurso a armas nucleares e apela ao respeito pela integridade territorial de todos os países — incluindo a da Ucrânia, parte de cujo território está sob controlo russo.

China avança com proposta de 12 pontos para a paz e pede que Ucrânia e Rússia voltem às negociações

Pequim não reconheceu em setembro a integração dos quatro territórios do Donbass ucraniano na Federação Russa e também não o fez em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia.

Entretanto, a China, que não condenou publicamente a guerra na Ucrânia, aumentou muito a sua cooperação política e económica com a Rússia nos últimos meses.

Turbulentas durante a Guerra Fria, as relações Pequim-Moscovo foram significativamente fortalecidas nas últimas décadas para formar uma frente comum contra a influência dos Estados Unidos.