Depois de um período algo “monótono”, a Maserati parece estar determinada a recuperar da letargia com uma gama cada vez mais completa e variada, sendo que parte desse ânimo veio com a electrificação, desafio que o construtor italiano de luxo abraçou com “Folgore”. É assim que se denominam os modelos a bateria que exibem a marca do tridente, sendo que esta designação está “condenada” a ser cada vez mais utilizada, na medida em que o fabricante de Modena assumiu o compromisso de ter uma variante eléctrica em todos os modelos da sua gama até 2025. O GranTurismo teve honras de estreia nesta estratégia, mas o Grecale é o senhor que se segue. Até porque os SUV se impõem na gama de praticamente todos os construtores como os modelos mais desejados e isso reflecte-se no volume de vendas, o que “sensibiliza” os fabricantes de automóveis. Mesmo os mais luxuosos.

Em Xangai, ou não fosse a China o maior mercado automóvel do mundo e o que está mais particularmente “sedento” de modelos eléctricos, foi revelada a versão a bateria do Grecale que, salvo diferenças estéticas mínimas, em pouco difere das restantes versões com motores de combustão. Para encontrar laivos de distinção, há que atentar na  grelha específica com detalhes a negro, sendo que os detalhes em preto brilhante se encontram igualmente presentes nas pegas das portas e nas saias laterais. O Grecale Folgore distingue-se ainda pelo acobreado que reveste as pinças de travão e tem direito a uma cor específica para a carroçaria, denominada “Rame Folgore”.

As maiores diferenças, essas, encontram-se no conjunto propulsor, que deita mão a dois motores eléctricos – um por eixo, para oferecer quatro rodas motrizes – que passam ao solo um total de 557 cv. A alimentá-los está uma bateria com 150 kWh de capacidade, que permite ao SUV Folgore anunciar uma autonomia de 500 km com uma carga completa. Na altura de recarregar o Grecale, a bateria lida com um máximo de 150 kW de potência em corrente contínua (DC), pois ao contrário do GranTurismo tem uma arquitectura eléctrica a 400 e não a 800V (o GranTurismo Folgore tem uma bateria mais pequena, com 92,5 kWh de capacidade, e aceita até 270 kW de potência em DC). No caso do Grecale, a marca diz que é possível reabastecer a bateria de 20 a 80% em cerca de meia hora. Já em corrente alternada, a potência máxima aceite por este Grecale é de 22 kW.

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Para diminuir a chamada ansiedade da autonomia – e a realidade é que há hoje alternativas neste segmento que vão mais longe –, a Maserati defende-se com uma velocidade máxima de 220 km/h e, mais do que isso, oferece um modo de condução que se destina a maximizar o alcance. Assim, além dos modos GT, Sport e Offroad, o Grecale eléctrico disponibiliza no selector o modo MAX Range, indicado para quando não há postos de carga por perto e o acumulador exibe a indicação de 16% de carga ou menos que isso. Abaixo deste valor periclitante, o Grecale impõe alguma sensatez e passa a ficar limitado na resposta ao acelerador, não deixando o condutor ir além dos 130 km/h.

Quanto ao habitáculo, à semelhança do exterior, não oferece grandes mudanças à vista. Salvo, naturalmente, uma instrumentação adaptada à mecânica eléctrica e revestimentos mais amigos do ambiente. Isso leva a que, num SUV que pretende se afirmar como um modelo de luxo, o requinte ande de mão dada com concessões à sustentabilidade, nomeadamente com o recurso a materiais como o Econyl, um nylon “ecológico” feito à base de desperdícios têxteis das fábricas e redes de pesca.

Acusando quase meio milhar de quilos a mais que o Grecale Trofeo (em concreto, 450 kg), o Folgore é capaz de ir de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos, como se as perto de 2,5 toneladas pouco pesassem. O preço para Portugal ainda está no segredo dos deuses, devendo ser conhecido mais próximo da sua chegada, a qual está prevista para o último trimestre de 2023.