Mesmo os construtores que produzem os mais exuberantes, potentes e velozes superdesportivos do mercado, necessitam de vender veículos tipo SUV, mais volumosos, espaçosos e pesados, essencialmente porque são os modelos da moda e os mais procurados pelos potenciais clientes. Foi assim com o Urus da Lamborghini e tudo indica que está a ser assim com o Purosangue, o modelo equivalente da Ferrari. Pelo menos a avaliar pela avidez com que o primeiro lote de encomendas para o SUV da marca do Cavallino Rampante esgotou.
Apesar da paixão dos clientes pelos agressivos e esguios coupés da Ferrari, os de dois lugares e os 2+2, a realidade é que a receptividade pelo novo Purosangue e pela sua versatilidade, os quatro verdadeiros lugares e uma bagageira digna desse nome, superarou até as expectativas mais optimistas da marca. A ponto de fazer crescer os lucros 27% no primeiro trimestre de 2023, ainda antes de arrancarem verdadeiramente as entregas (e a facturação) do novo SUV.
O CEO da Ferrari, Benedetto Vigna, confirma que “a procura pelo novo modelo foi avassaladora”, o que levou a empresa “a ter de suspender as encomendas durante dois meses”, mas promete “reabrir de imediato”. No entanto, a Ferrari não quer cometer o erro de outros fabricantes, como a Porsche que, apesar não pertencer à mesma liga da Ferrari ou Lamborghini, foi conhecida por fabricar desportivos com valor no passado, mas mais acessíveis, como o 911. Contudo, agora vende maioritariamente SUV pesados e volumosos, como o Macan ou o Cayenne, o que belisca a imagem do construtor alemão.
Para evitar esta perda de estatuto, a Ferrari anunciou que iria limitar a produção do Purosangue a apenas 20% do volume anual da marca, assegurando assim a exclusividade e incrementando os lucros, uma vez que o SUV é comercializado por mais de 400 mil euros a unidade, dependendo dos impostos nos diferentes mercados.