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A Rússia decretou uma grande operação de segurança na véspera do Dia da Vitória, restringindo o uso de drones e serviços de transportes por aplicações nas suas maiores cidades e até mesmo jet skis nos canais de São Petersburgo.

Pelo menos 21 cidades russas cancelaram os desfiles militares de 9 de maio — o marco das comemorações do Dia da Vitória em toda a Rússia contra a Alemanha nazi em 1945 — principalmente as localizadas perto da fronteira ucraniana.

Autoridades regionais vincaram as “preocupações de segurança” não especificadas ou referiram-se vagamente à “situação atual” pelas restrições e cancelamentos em plena guerra com a Ucrânia. Na semana passada, a Rússia foi abalada por relatos oficiais de um alegado ataque de dois drones ucranianos contra o Kremlin, dos quais Kiev negou responsabilidade.

Contudo, os desfiles mantêm-se em algumas das maiores cidades da Rússia, como a capital, Moscovo, e São Petersburgo, mas o uso de drones foi proibido.

Em São Petersburgo, muitas vezes chamada de “Veneza do norte” pela sua rede de rios e canais, o uso de jet skis em certas partes da cidade é proibido até 10 de maio.

Na capital russa, os serviços transporte por aplicações foram temporariamente proibidos do centro da cidade. Para além disso, as autoridades também vão banir o uso de sinais GPS em Moscovo.

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“Há um nervosismo que nunca vi antes”, confessou uma fonte da câmara municipal do Moscovo. “Mas o Dia da Vitória tem de continuar, então não há outra opção”, sublinhou a mesma fonte, citada pela Guardian.

Inicialmente, esperava-se que apenas um líder estrangeiro participasse do desfile de Moscovo deste ano – o Presidente do Quirguistão, Sadyr Zhaparov, que chegou esta segunda-feia e encontrou-se com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Contudo, na segunda-feira, as autoridades anunciaram que o Presidente uzbeque Shavkat Mirziyoyev e o Presidente tajique Emomali Rakhmon se juntariam a Putin e Zhaparov nas festividades, juntamente com o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, e o líder do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev.

Os dois últimos foram escolhas surpreendentes para a lista de convidados, pois no passado divergiram da linha de Putin. O Cazaquistão e a Arménia, embora aliados da Rússia, não apoiaram publicamente a guerra na Ucrânia.

Tokayev falou com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, por telefone várias vezes durante a invasão e também disse a Putin no verão passado que o Cazaquistão não reconheceria as regiões ucranianas ocupadas pela Rússia como estados independentes.

Por sua vez, distanciando ainda mais Kiev de Moscovo, Volodymyr Zelensky disse na segunda-feira que enviou um projeto de lei ao parlamento propondo em 8 de maio um Dia da Memória e da Vitória sobre o nazismo na Segunda Guerra Mundial e um Dia da Europa em 9 de maio.

Zelensky comparou os objetivos da Rússia na Ucrânia aos dos nazis: “Infelizmente, o mal voltou”, escreveu no Telegram. “Embora agora seja outro agressor, o objetivo é o mesmo — escravização ou destruição.”

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deve viajar para Kiev na terça-feira para marcar o Dia da Europa com Zelensky.

O Dia da Vitória é antecedido por bombardeamentos da Rússia contra a Ucrânia, que levou ao corte de energia em seis grandes regiões do país.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).