Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia
Um enviado do governo chinês vai partir esta segunda-feira num périplo que inclui visitas à Ucrânia e à Rússia, como parte dos esforços de Pequim para mediar um acordo político que ponha fim à guerra, que dura há 15 meses.
A China afirmou ser neutra no conflito e que quer desempenhar o papel de mediador, mas mantém uma relação “sem limites” com a Rússia e recusou-se a criticar a invasão da Ucrânia. Pequim divulgou um plano de paz em fevereiro que foi amplamente rejeitado pelos aliados da Ucrânia, que insistem que as forças russas devem primeiro retirar-se do território ucraniano.
Li Hui, ex-embaixador em Moscovo, também vai visitar a Polónia, França e Alemanha, de acordo com o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, que não deu outros detalhes sobre a programação.
Duas províncias chinesas vão ter acesso ao porto russo de Vladivostoque, a partir de 1 de junho
Analistas políticos consideram que as possibilidades de haver um acordo de paz são baixas, já que nem a Ucrânia nem a Rússia estão prontas para parar de lutar. Os analistas dizem que, ao destacar um enviado, a China está a tentar neutralizar as críticas à sua proximidade com o líder russo, Vladimir Putin, e afastar os aliados europeus de Washington.
O Presidente chinês, Xi Jinping, falou por telefone com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, no final de abril, preparando o terreno para uma investida diplomática.
O périplo do enviado de Pequim “expressa o compromisso da China em promover a paz e as negociações”, disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin. Wang disse que a China deseja evitar uma “escalada da situação”.
Vários líderes europeus, incluindo o presidente francês, Emmanuel Macron, a líder da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, visitaram Pequim, nos últimos dois meses, visando encorajar a China a usar a sua influência junto de Moscovo para pôr fim ao conflito.
Vladimir Putin manda criar corredor de cereais para a China. Estará pronto em outubro
Xi Jinping reclama um papel maior para a China na resolução de questões internacionais, em consonância com a ascensão económica e militar do país. Em particular, o líder chinês propôs a Iniciativa de Segurança Global, que visa construir uma “arquitetura global e regional de segurança equilibrada, eficaz e sustentável”, ao “abandonar as teorias de segurança geopolíticas ocidentais”.
Num triunfo para Xi, o Irão e a Arábia Saudita anunciaram, em março passado, em Pequim, um acordo para restabelecerem as relações diplomáticas, cortadas por Riade em 2016.
A China mantém boas relações com Moscovo e influência económica, sendo o maior cliente do petróleo e gás russo.
Segundo a nação de Xi Jinping, a parceria com a Rússia é vista como fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a sua relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão, marcada por disputas em torno do comércio e tecnologia ou diferendos em questões de Direitos Humanos, o estatuto de Hong Kong ou Taiwan e a soberania dos mares do Sul e do Leste da China.
China e Europa devem rejeitar em conjunto uma nova Guerra Fria, defende Pequim
Pequim usou a sua posição como um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas para bloquear ataques diplomáticos à Rússia.