Os resultados orçamentais de Portugal deverão levar a agência de notação financeira Moody’s a subir, na sexta-feira, o rating de Portugal, segundo os analistas consultados pela Lusa.
A Moody’s, que avalia atualmente o rating de Portugal em “Baa2”, com perspetiva estável, tem prevista para sexta-feira uma avaliação à dívida soberana portuguesa.
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O rating é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os analistas consultados pela Lusa antecipam uma melhoria do rating de Portugal, devido sobretudo à trajetória descendente do rácio da dívida pública face ao PIB.
“Tendo em conta as recentes revisões em alta para o crescimento deste ano e em baixa para o défice orçamental e dívida pública, a Moody’s poderá subir a notação da dívida de ‘Baa2’ para ‘Baa1’“, refere Filipe Garcia, presidente da IMF — Informação de Mercados Financeiros.
O analista destaca, contudo: “Contra esta possibilidade, considero estarem a instabilidade política recente e o facto de, quer as taxas de juro, quer o spread vs benchmark estarem acima dos níveis que se observavam em setembro de 2021, aquando da subida de notação anterior pela Moody’s”.
Contudo, acredita que “o facto de as previsões para o rácio de dívida mostrarem tendência de baixa poderá ser suficiente para garantir uma subida da notação”.
Também Filipe Garcia, diretor de Investimentos do Banco Carregosa, antecipa a melhoria da notação da dívida portuguesa, sublinhando que “Portugal continua a viver um bom momento da sua economia”.
“Apesar de termos inflação e taxas de juro mais elevadas, a economia tem conseguido mostrar a sua resiliência, com vários setores a terem recuperações muito fortes. O nosso rácio de divida sobre o PIB tem vindo a descer, tendência que se espera que se mantenha”, enumera.
Para o analista do Banco Carregosa, “estes fatores têm contribuído para que Portugal seja, dos países da periferia, o que apresenta menor spread vs a Alemanha, 79,18 pontos base”.
“A prazo, poderemos ver um abrandamento da economia, por força de uma possível desaceleração no consumo, que as taxas elevadas podem vir a provocar, no entanto não deverão ser suficientes para colocar a economia numa recessão”, acrescenta.
A Moody’s optou por não se pronunciar sobre Portugal no ano passado, datando a última avaliação de 17 de setembro de 2021, quando fixou o rating em “Baa2”, com perspetiva estável.
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No segundo semestre, a DBRS será novamente a primeira a pronunciar-se, em 21 de julho.
Os calendários das agências de rating são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.