É mais um capítulo das consequências da guerra na Ucrânia na vida interna russa. A milícia chechena e os mercenários do grupo Wagner atacaram-se nas redes sociais, trocando várias acusações entre si. Tudo começou quando o líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, disse, numa entrevista, que a ofensiva iniciada pelas tropas chechenas esta quarta-feira poderá obter alguns sucessos, mas nunca conseguirá controlar as repúblicas independentistas de Donetsk e Lugansk. 

Em resposta nas redes sociais, citado pelo jornal independente russo Meduza, Adam Delimkhanov, um dos braços direitos de Ramzan Kadyrov e deputado, garantiu, num vídeo, que o grupo paramilitar checheno Akhmat está a “cumprir o objetivos estabelecimentos pelo comandante-chefe”, ou seja, Vladimir Putin. “Obviamente que tu, Evgeny [Prigozhin], não entendes isso e não precisas de entender”, atirou. “Nós podemos encontrarmo-nos a qualquer altura e podes escolher o local onde nos encontrarmos para explicar aquilo que não entendeste.”

Num tom de ameaça, Adam Delimkhanov criticou as declarações do grupo Wagner dos últimos meses, nas quais o líder criticou o Ministério da Defesa pela falta de munições. “Nós nunca nos queixámos”, atirou o checheno. “Chega da tua conversa, dos teus gritos. Diz o local onde nos vamos encontrar e vamos resolver os nossos diferendos cara a cara.”

O checheno foi ainda mais longe, acusando o líder do grupo Wagner de divulgar informações que geram o “pânico entre a população”. “Tu não precisas de conhecer, Evgeny, as nossas capacidades e objetivos. Isso é algo que o nosso comandante supremo das Forças Armadas [Vladimir Putin] determina, juntamente com o nosso herói, Razman Kadyrov.”

A resposta não tardou. Nas redes sociais, membros do grupo Wagner manifestaram o seu desagrado com as palavras de Adam Delimkhanov. “Todos os membros da Wagner viram com espanto outro vídeo em que os méritos da Wagner são menosprezados”, lê-se. “Todos fazem o seu trabalho da melhor maneira possível, nós apenas fazemos o nosso melhor. O que a unidade Akhmat faz, quais são suas tarefas — não sabemos.”

Em mensagem, os paramilitares do grupo Wagner defendem que Yevgeny Prigozhin fala sobre os problemas do país, porque “não tem medo” de divulgar os problemas que a Rússia enfrenta. “Ao mesmo tempo, o grupo Akhmat fica em silêncio. Conhecemos os feitos do Akhmat, já trabalhámos juntos. Mas uma coisa podemos dizer: os Wagner estiverem sempre na vanguarda.”

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