Mais de 100.000 sudaneses fugiram para o vizinho Chade para escapar ao sangrento conflito no Sudão, desde há mês e meio, alertou esta quinta-feira a agência das Nações Unidas para os refugiados, apelando a uma ajuda financeira de emergência.

“O número de novos refugiados ultrapassou a marca dos 100.000” desde o início do conflito entre dois generais rivais que disputam o poder em Cartum, a 15 de abril, e “estima-se que mais 200.000 pessoas” poderão ser obrigadas a “fugir para o Chade nos próximos três meses”, alertou Laura Lo Castro, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Chade, num comunicado de imprensa.

A maioria destes refugiados é “oriunda do Darfur”, uma região do Sudão ocidental que faz fronteira com o Chade, “profundamente afetada pela violência e assolada por uma instabilidade crescente”, continuou a responsável da ONU.

“Com a chegada da estação das chuvas nas próximas semanas, precisamos de um apoio logístico maciço para deslocar os refugiados das zonas fronteiriças, a fim de garantir a sua segurança e proteção”, acrescentou o ACNUR, invocando uma “necessidade urgente de financiamento” e apelando “à comunidade internacional” para que lhe dê esses recursos, para poder “continuar a intensificar as (suas) operações e salvar vidas”.

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“O ACNUR precisa de 214,1 milhões de dólares [199,5 milhões de euros] para dar proteção e assistência vitais” a todos os refugiados e deslocados no Chade, incluindo “72,4 milhões de dólares [67,5 milhões de euros] para a resposta de emergência à crise dos refugiados que fogem do conflito no Sudão”, conclui o texto do comunicado, acrescentando que estas necessidades têm um financiamento assegurado “de apenas 16%”.

Desde há um mês e meio, o ACNUR e as organizações não-governamentais internacionais e locais têm prestado uma assistência incondicional aos refugiados, na sua grande maioria mulheres e crianças, que atravessam diariamente a fronteira, nomeadamente nas províncias chadianas de Ouaddaï, Sila e Wadi Fira, no leste do país.

O ACNUR explica que se trata de ajuda alimentar e de abrigo, de “poços e furos”, de “latrinas de emergência” e de “clínicas móveis”.

A agência da ONU recorda que o Chade já acolhia “588.770 refugiados, dos quais 409.819 sudaneses”, principalmente do Darfur, antes da eclosão deste novo conflito.