Um cidadão turco foi indiciado esta sexta-feira na Suécia por “tentativa de financiamento terrorista” da guerrilha curda do PKK, uma decisão inédita numa altura em que Estocolmo tenta garantir o fim do veto da Turquia para aderir à NATO.

O homem, de 40 anos e origem curda, foi detido em janeiro após ter feito ameaças e exibido uma arma de fogo em frente a um restaurante em Estocolmo, indicou o Ministério Público sueco, num comunicado. O acusado deverá ser julgado na capital sueca no final de junho.

Esta decisão surge uma semana após o Supremo Tribunal sueco ter autorizado a extradição para a Turquia de um simpatizante do movimento armado curdo do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), outra decisão inédita e que ainda deve ser confirmada pelo governo.

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Segundo a procuradoria sueca, o objetivo do detido indiciado consistia em efetuar uma extorsão e utilizar os fundos para financiar o PKK, considerada uma organização terrorista pela Turquia, mas também pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos.

De acordo com a ata de acusação, que recorreu a informações dos serviços secretos franceses (DGSI) e alemães (BKA), o acusado manteve contacto com um turco que tinha as suas contas congeladas por financiamento do PKK em França, e com um outro condenado em 2016 na Alemanha por filiação no PKK.

O julgamento deste cidadão turco é uma consequência do endurecimento da legislação antiterrorista sueca em vigor desde julho de 2022, que permite designadamente facilitar os processos em casos de alegado financiamento de terrorismo. Trata-se da primeira vez que esta lei, já utilizada em casos relacionados com a organização jihadista Estado Islâmico, é aplicada a um simpatizante do PKK.

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A Suécia avançou entretanto com um novo endurecimento das medidas, em vigor desde 1 de junho.

Para Estocolmo, este novo passo deve ser encarado pela Turquia como uma prova de que as autoridades suecas levam a sério as exigências de Ancara para um aumento das medidas repressivas dirigidas a supostos membros ou simpatizantes do grupo curdo.

Ancara exige a extradição de dezenas de militantes e ativistas que qualifica de “terroristas” e que foram acolhidos no país nórdico, uma condição para levantar o seu veto que tem impedido a adesão plena da Suécia à NATO.