A história da passagem de Travante Williams por este encontro conta-se rápido. Durou apenas os 13 minutos que jogou na primeira parte, uma vez que foi desqualificado ao intervalo. Não tão rápido foi o tempo que teve que esperar na Luz, no final do jogo 2, para fazer o teste antidoping. Segundo o jornal Record, o norte-americano do Sporting só deixou o pavilhão cinco horas depois da partida ter terminado, ou seja, por volta das três da manhã.

Travante é o jogador que faz cara feia aos defensores quando consegue concretizar um difícil lançamento perante eles. É quem motiva os adeptos a cantarem um pouco mais alto. É quem chama os colegas para conversarem num círculo quando o jogo está parado e lhe dá palmadinhas nas costas para os motivar. Por outras palavras, não é só o coração do Sporting como também é o motivo pelo qual ele bate. Ora, no jogo 3, o Benfica conseguiu ser tudo isso numa equipa.

O coração de Ventura acertou o(s) passo(s): Sporting vence Benfica na Luz e empata final do Campeonato

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A previsão era que o momento estivesse do lado do Sporting, porque esta é uma características das séries à melhor de cinco: um jogo e tudo pode mudar. O Sporting ganhou no jogo 2 o fator casa da final num momento em que a eliminatória ia viajar até ao outro lado da Segunda Circular. O Benfica ficava obrigado a vencer uma partida no Pavilhão João Rocha para se pode sagrar campeão nacional, enquanto que os leões procuravam evitar o regresso à casa do rival. Para isso acontecer, era necessário que a equipa verde e branca vencesse os dois encontros seguintes, sabendo à partida que no jogo 3 não ia haver campeão, ficando a decisão do título adiada, pelo menos, até ao quarto duelo. Com a final empatada, o jogo 3 tinha uma caráter crítico, visto que o vencedor ia ganhar com um valioso conforto.

O treinador do Benfica, Norberto Alves, sabia que perder o fator casa, pelo qual a equipa tanto teve que batalhar nas fases anteriores do campeonato, deixava os encarnados vulneráveis. “Acreditamos que vamos a Alvalade ganhar, mas não estamos a dizer que é fácil. Era bom termos conseguido vencer os dois jogos em casa, mas ainda não acabou”, referiu no final do jogo 2. Em sentido contrário, o treinador do Sporting, Pedro Nuno, não escondeu o desejo de se sagrar campeão em casa, algo que já é certo que não vai acontecer. “Em relação aos jogos fora, o objetivo principal que era trazer as decisões para o pavilhão João Rocha foi conseguido. Volto a dizer: não temos memória curta. O último lance do primeiro jogo não é legal e podíamos ter dois jogos para decidir um”, relembrou o técnico, mantendo a contestação face às decisões de arbitragem que decidiram o jogo 1.

Broussard e Ivan Almeida somam metade dos pontos da equipa e Benfica vence Sporting a um segundo do fim

Uma das chaves do jogo 3 seria a eficácia do Benfica nos lançamentos exteriores. No jogo 1, a equipa da Luz lançou a 25% e, no jogo 2, a 29%. Se no primeiro encontro a fraca percentagem não se fez notar porque o Sporting lançou a 17% de três pontos, no segundo, os leões melhoraram consideravelmente, atingindo os 40% de aproveitamento. A desinspiração no perímetro poderia comprometer o spacing uma vez que o Sporting condensaria a defesa, limitando os lançamentos perto do cesto que as águias tanto procuram através de Terrell Carter. Aliás, os encarnados pouco ou nada lançam de meia-distância (em dois jogos, tentaram apenas sete lançamentos no intervalo entre a linha de três pontos e o pintado).

O jogo exterior foi mesmo uma das chaves do jogo. Norberto Alves fez alterações substanciais à rotação, deixando cair e José Barbosa e passando a incluir os atiradores, Tomás Barroso e Diogo Gameiro. As mudanças não podiam ter sido mais acertadas, ajudando a que a equipa terminasse com 16 triplos e 57% de eficácia. Nos minutos que tiveram, os dois bases contribuíram com triplos, expondo as dificuldades do Sporting na defesa do perímetro. Toney Douglas também mostrou produtividade, terminando a primeira parte com três tiros exteriores concretizados noutros tantos tentados.

No entanto, foi acima de tudo quando os dois técnicos começaram a fazer substituições que o jogo melhorou. Enquanto os cinco iniciais estiveram em campo, imperaram os erros – que o diga Travante Williams que falhou dois lances livres logo a abrir. Ao contrário do que aconteceu no jogo 2, correu bem a Norberto Alves a entrada da dupla Ben Romdhane/Ivan Almeida. O primeiro período terminou empatado a 17 e, ao intervalo, o Benfica liderava por 48-34 no final de uma primeira parte em que Broussard mostrou que sabe afundar e que consegue marcar do meio-campo, pressionado, a cair para o lado e com o tempo a acabar.

Entretanto, a segunda parte começou de forma peculiar. O Benfica teve direito a dois lances livre que penalizaram a desqualificação de Travante Williams. O resultado, que era desnivelado, mas que se mantinha a uma distância recuperável para os leões, rapidamente se tornou altamente favorável ao encarnados. Pedro Nuno ainda lançou Diogo Araújo e André Cruz para tentar dar uma configuração diferente ao cinco.

O Benfica superiorizou-se nos aspetos mais relevantes do jogo: nos ressaltos (44 contra 34), na eficácia de lançamento (52% contra 29%), nas assistências (20 contra 13), nos pontos vindos do banco (51 contra 34). Devido ao domínio em todos estes capítulos, com naturalidade os encarnados alcançaram um parcial de 21-0 que muito contribuiu para o a diferença que se registou no resultado final (101-57). Com a vitória no jogo 3, a equipa da Luz pode sagrar-se campeão nacional já no domingo em pleno Pavilhão João Rocha, sendo que o Sporting vai ter que forçar o jogo 5 na Luz se quiser vencer o título.