A maioria dos alunos no ensino profissional vem de meios mais desfavorecidos, aponta um estudo publicado esta quarta-feira. Em Portugal, 45% dos alunos do secundário frequenta esta tipologia de ensino.

“Como Valorizar o Ensino Secundário Profissional? Dilemas, Desafios e Oportunidades” é o nome do estudo realizado pela Edulog, uma iniciativa da Fundação Belmiro de Azevedo, em colaboração com a Universidade de Aveiro, publicado pelo Público. O mesmo documento revela que um terço da oferta formativa está relacionado com Ciências informáticas, Hotelaria e Restauração. 40% de todos os cursos são em escolas localizadas nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

O estudo faz um retrato do perfil dos alunos que escolhem o ensino profissional (ESP), “via profissionalizante do ensino secundário alternativa à via científico-humanística ou ensino regular”. A análise refere-se ao período entre 2018 e 2021, “com base em dados secundários disponibilizados por várias entidades nacionais e internacionais”, pode ler-se.

De acordo com o documento, que está disponível online, “é demonstrado que contextos socioeconómicos menos favorecidos levam a uma maior opção por ensino e formação profissional em detrimento do ensino secundário regular”. “São alunos que não querem ir além do ensino secundário, com baixo desempenho escolar e muitas vezes provenientes de um meio socioeconómico desfavorecido. Este é o grupo dominante de estudantes a terminar o ensino secundário pela via profissionalizante”, conclui-se.

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Sobre os alunos mais pobres optarem por esta tipologia de ensino, o relatório aponta que “muitas famílias de contextos desfavorecidos veem o ESP como um caminho para a ascensão social”. Admitindo o risco “de o ensino em geral reproduzir as desigualdades sociais na escola e acentuando a exclusão dos grupos menos favorecidos”, o estudo destaca que “o ensino pode e deve assumir o papel de ajudar a desenvolver não só capital humano, mas também capital cultural e social”.

E deixa recomendações: “Por um lado, será necessário compensar a provável falta de capital cultural de estudantes de famílias desfavorecidas. Por outro lado, deve haver uma clara aposta no fortalecimento do capital social, através do contacto com o mercado de trabalho e de uma verdadeira integração destes estudantes no sistema de ensino, evitando a aparente separação entre ensino regular e profissional ao nível de perfis socioeconómicos”.