A Presidente do Parlamento Europeu elogiou o europeísmo de Portugal e pediu aos portugueses que não cedam aos extremismos e aos populismos nas próximas eleições europeias. No discurso na Assembleia da República, Roberta Metsola disse que estava ali para “apelar às pessoas” e em “particular aos jovens” para que “não cedam ao conforto do cinismo fácil” e que “não aceitem uma fuga silenciosa para os extremos“. PSD, PS e IL aplaudiram de pé, o Chega aplaudiu sentado e PCP e Bloco de Esquerda não aplaudiram.
No mesmo discurso, Roberta Metsola disse que a Europa “não é das instituições”, como a que dirige, mas sim “do povo”. E, aos deputados, pediu que continuem a “convencer as pessoas” daqueles que são “os benefícios tangíveis da Europa”. Para a presidente do Parlamento Europeu é preciso honestidade e “ir além da retórica”: “Temos de ser honestos sobre onde falhámos, mas honestos também sobre onde fomos bem-sucedidos”. Isto porque, muitas vezes, os políticos culpam Bruxelas por algo que corre mal, mas não elogiam o lado bom dos Estados-membros estarem no espaço europeu.
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Metsola diz que não é preciso “reinventar a roda”, mas acredita que é possível “aproximar a tomada de decisões das pessoas, reforçar as ligações com os parlamentos nacionais e consciencializar as pessoas do potencial que a Europa tem para tornar a vida das pessoas um pouco mais fácil, um pouco mais segura e um pouco mais igualitária.”
Apesar algumas reservas de Portugal a uma parte do alargamento futuro da UE (em particular ao da Ucrânia, não tanto ao em curso na frente dos balcãs), a presidente do Parlamento afirmou perante os deputados portugueses que “não devemos ter medo da mudança”. Sugeriu que o “caminho alargamento” exigirá, no entanto, sacrifícios: “O que funcionou a 27 não funcionará a 30 ou 33. Temos de estar prontos para reforçar e reformar.”
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Ao longo do discurso, Metsola fez várias referências a Portugal como as mulheres e crianças com quem se encontrou em Estrasburgo, vindas de Kiev, que lhe disseram que iam para o Porto — o que a comoveu. Referiu ainda que o Corvo está tão longe dos Estados Unidos como de Bruxelas. Ou, por exemplo, que “os laços únicos” de Portugal na América Latina, África e Ásia que “permitiram que a Europa falasse ao mundo e o ouvisse de uma forma que permite o entendimento comum e protege o multilateralismo.”
O líder da oposição, Luís Montenegro, bem como vários eurodeputados portugueses, assistiram ao discurso de Metsola na Assembleia da República das galerias.