Picante, ervas, dentes de alho e… pedras. Mexe-se tudo numa frigideira, coloca-se num pequeno prato de papel e aí está uma das receitas que mais curiosidade têm gerado nas redes sociais, ganhando rapidamente o estatuto de “prato mais duro do mundo” — um prato que é tudo menos uma inovação, já que tem séculos de história.
Nas redes sociais, os vídeos têm surgido e ganhado popularidade pela estranheza da receita: o “suodiu” é um prato que consiste mesmo em misturar pequenas pedras cinzentas e redondas, seixos, com alguns temperos numa frigideira estilo wok e servir assim mesmo. O comensal deve sugar as pedras, ficando com o sabor do picante, do alho e das ervas na boca — a pedra, que por essa altura já cumpriu o seu papel, é para cuspir.
Aliás, a tradução do nome do prato é clara: “Sugar e deitar fora”.
World’s hardest dish? Stir-fried stones are China’s latest street food fad https://t.co/rLwOHhlAlJ pic.twitter.com/ebx5R6koNu
— CNN International (@cnni) June 26, 2023
A CNN fez um vídeo para mostrar cenas de vendedores de comida de rua na China a preparar o suodiu. Há quem comente que “uma dose de picante aviva a paixão” e quem esclareça os turistas: não é preciso devolverem as pedras no final, podem levá-las como recordação para casa. Até porque cada dose custa 2,30 dólares (2,11 euros).
[Já saiu: pode ouvir aqui o penúltimo episódio da série em podcast “Piratinha do Ar”. É a história do adolescente de 16 anos que em 1980 desviou um avião da TAP. E aqui tem o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto e o quinto episódios. ]
O suodiu tem-se assim tornado uma espécie de prato da moda para turistas, mas a sua história começa há vários séculos e não é particularmente feliz. Seria um recurso dos pescadores para enganar a fome: quando já não tinham comida, e para “encontrar felicidade na amargura”, como diz uma reportagem local citada pela CNN, recorriam às pedras marinadas.
A receita foi passando de boca em boca — até chegar ao Instagram, ao Twitter e à plataforma chinesa Xiaohongshu e a curiosidade chegar a milhares de utilizadores, dentro e fora da China.