O Grande Prémio da Áustria acabou com o desfecho habitual: Max Verstappen venceu sem grandes sobressaltos, chegou ao sétimo triunfo em nove corridas do Mundial e engrossou a liderança da classificação geral de pilotos, estando cada vez mais lançado para a conquista do tricampeonato. Na Ferrari e na Mercedes, porém, a história do Grande Prémio da Áustria não se ficou pelo “habitual”.

Numa corrida muito marcada por um protesto da Aston Martin relativamente aos limites de pista — que acabou por levar a FIA a “apagar” 83 voltas e penalizar oito pilotos depois do fim da prova –, Carlos Sainz mostrou-se muito insatisfeito com a estratégia da Ferrari. O espanhol cruzou a meta no sexto lugar, mas a dada altura pediu para ultrapassar Charles Leclerc e ser ele e perseguir Max Verstappen, por acreditar que estava com um ritmo superior ao do monegasco. O pedido, porém, foi recusado.

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Adicionalmente, a estratégia de paragens da Ferrari também não correu bem: numa altura em que o safety car virtual estava em pista e mesmo nos últimos instantes da velocidade controlada, a equipa decidiu chamar os dois carros à box em simultâneo e quando estavam separados por meio segundo. A ideia revelou-se um tropeção, já que Leclerc e Sainz saíram do pit lane separados por seis segundos e com três carros entre si, uma vez que a corrida já tinha sido relançada.

“É óbvio que a decisão de parar os dois carros ao mesmo tempo quando o safety car virtual estava a acabar penalizou-me. Além disso, estava a andar rápido. Fiz trabalho de equipa e se me pagam desta forma… É muito frustrante porque comprometeu a minha prova a partir daí. Tive de dar o máximo para passar carros que numa situação normal não precisaria de passar. Foi aí que passei os limites de pista, por muito pouco. Depois as coisas foram ficando mais complicadas e perdi o pódio”, atirou o piloto espanhol depois da corrida, mostrando-se visivelmente desagradado com a Ferrari.

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Ferrari que, entretanto, já respondeu a Carlos Sainz. “A estratégia revelou-se acertada porque conseguimos o melhor resultado da temporada. Acordámos no início da corrida que iríamos fazer as coisas desta forma, ajudar-nos na perseguição ao Max e somar o máximo de pontos. Quando vais atrás com o DRS acreditas que estás mais rápido, mas o Carlos sabia desde o princípio qual era a estratégia. Penso que queria colocar-nos sob pressão. O ritmo dele não estava longe do do Charles, mas temos de analisar se a estratégia foi a mais acertada. Penso que o Carlos tinha ritmo para ir ao pódio, mas para a estratégia da equipa era indiferente quem ia à frente. Só pedimos que cada um faça o seu trabalho da melhor forma possível”, explicou Frédéric Vasseur, o diretor da scuderia italiana.

Na Mercedes, porém, o fim de semana também foi agitado. Lewis Hamilton e George Russell não foram além de um 7.º e 8.º lugares e o primeiro queixou-se muito das dificuldades que estava a sentir para controlar o carro através das comunicações rádio. A dada altura, o diretor de equipa assumiu uma posição mais firme e esvaziou os lamentos de Hamilton: “Lewis, o carro não está bem, nós sabemos. Limita-te a conduzir, por favor”, atirou Toto Wolff, que entretanto já explicou as palavras mais duras.

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“Este tipo de situações acontece para o bem dos pilotos e nos melhores interesses dos pilotos e da equipa. Existem momentos em que é necessário acalmar as coisas. Discutimos muito sobre os limites de pista e só quis ter a certeza de que estávamos a tirar o melhor de uma conjuntura que não estava a resultar e a conduzir, simplesmente, para termos a melhor oportunidade possível”, indicou, garantindo que o episódio não terá qualquer impacto nas conversações que estão a decorrer com vista à renovação do piloto britânico.