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Os reis, as joias, os mantos e os protestos: a coroação de Carlos III e Camilla na Escócia

Este artigo tem mais de 1 ano

Edimburgo esteve em festa com a coroação escocesa de Carlos III. O Rei e a rainha receberam as Honras da Escócia e estiveram acompanhados pelos príncipes de Gales. Mas também houve protestos.

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Os holofotes da realeza estiveram apontados a Edimburgo durante esta quarta-feira, onde os reis Carlos e Camilla tiveram uma segunda coroação. Na Escócia, aCatedral de St. Giles foi o cenário onde teve lugar uma cerimónia de ação de graças na qual os reis foram presenteados com as Honras da Escócia, ou seja, as joias da coroa escocesas. Os príncipes de Gales, que na Escócia têm o título de duque e duquesa de Rothesay, também estiveram presentes.

Longe da pompa e circunstância da memorável cerimónia que coroou os novos reis em Londres no passado dia 6 e maio, a agenda de eventos para este dia 5 de julho contou ainda com cortejos pelas ruas da cidade, uma saudação de tiros e uma exibição aérea.

Antes das celebrações começarem, um grupo de cerca de 200 anti-monárquicos reuniu-se junto da Catedral de St. Giles. Foi possível ver uma série de cartazes amarelos com a frase “Not my King” (“Não é o meu Rei”). Segundo o jornal Telegraph, um outro grupo mais pequeno de unionistas escoceses tentou abafar os protestos republicanos cantando o hino nacional, “God save the King”. Quatro pessoas foram detidas por discurso dirigido aos reis.

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As celebrações  desta quarta-feira

Foram muitos os admiradores que criaram uma moldura humana na Royal Mile, a avenida que atravessa o centro histórico da cidade de Edimburgo, e une o Palácio de Holyroodhouse à Catedral de St. Giles. Foi por lá que passaram diferentes cortejos antes da cerimónia de coroação. Um cortejo com representantes do povo escocês, as joias da coroa, vários regimentos militares e, por fim, os membros da realeza.

Na Catedral de St. Giles o serviço religioso de ação de graças começou pouco depois das 14h00 e durou aproximadamente uma hora. Os Reis e os príncipes de Gales estiveram sentados lado a lado e o ponto alto da cerimónia em honra do soberano foi a apresentação das Honras da Escócia, as joias da coroa do país. Estes elementos são símbolos do compromisso do Rei para com a nação.

Depois da celebração religiosa houve uma saudação de 21 tiros disparados do Castelo de Edimburgo. Os membros da família real regressaram depois ao Palácio de Holyroodhouse de onde observaram uma exibição aérea dos Red Arrows, os acrobatas da Royal Air Force. As aeronaves sobrevoaram a Royal Mile deixando no ar rastos nas três cores da bandeira britânica, azul, vermelho e branco.

As joias da coroa mais antigas da Grã-Bretanha e uma nova peça na coleção

Durante a cerimónia de ação de graças na Catedral de St. Giles o Rei recebeu as Honras da Escócia, ou seja, as joias da coroa daquele país: uma coroa, um cetro e a espada de estado. São feitas em ouro, prata e pedras preciosas e são as mais antigas na Grã-Bretanha, datadas de meados do século XVI.

Contudo, segundo o jornal Times, a espada de estado não será usada nesta cerimónia por ser muito antiga e estar em estado frágil. Esta peça foi substituída pela Elizabeth Sword, uma espada que foi batizada com o nome da anterior Rainha. O governo escocês aprovou a encomenda da nova peça depois da morte da soberana. O design tem assinatura do Mark Dennis e inspira-se na flor nacional escocesa, o cardo, bem como na paisagem nacional. A espada pesará cerca de 7,5 quilos e foi transportada pela remadora olímpica a dama Katherine Grainger.

Habitualmente, estas peças antigas estão expostas ao público no Castelo de Edimburgo. Mas a coroa foi vista em público recentemente, uma vez que esteve pousada sobre a urna da Rainha Isabel II quando esta esteve a ser velada na Catedral de St. Giles, durante o período de luto que se seguiu à morte da monarca.

Outro importante elementos desta celebração foi a Pedra do Destino. Depois de ter viajado da Escócia para Londres para desempenhar um papel de destaque na coroação, esta pedra esteve também na Catedral de St. Giles. Chegou à Catedral horas antes da cerimónia, esteve exposta numa mesa de madeira e, inicialmente foi guardada por polícias, mas depois esteve escoltada pelos guarda-costas do Rei, os Royal Archers.

Mantos, joias e vestidos. Os looks dos protagonistas

Embora a Rainha Isabel II não tenha usado trajes cerimoniais na sua coroação escocesa há 70 anos, na cerimónia de Carlos III vimos mantos. Tanto o Rei como o príncipe William e a rainha usaram os mantos cerimoniais em veludo verde, que representam a mais importante ordem de cavalaria na Escócia, a Ordem do Cardo (Order of the Thistle).

Para Camilla esta foi a primeira vez que usou o seu manto, uma vez que foi apenas há poucas semanas que o Rei a presenteou com esta ordem, estando em efeito desde o passado dia 16 de junho. Sob o seu manto a rainha usou um vestido branco criado por Bruce Oldfield, o mesmo designer que assinou o seu vestido da coroação de maio.

O rei usou o seu uniforme de Almirante da Marinha Real e o príncipe William optou pelo uniforme da RAF (Royal Air Force), segundo escreve o Telegraph.

Carlos III, Camilla e William usaram sobre o manto um colar com efeito de  corrente, em ouro e esmalte que conta com cardos a unir os elos e um pendente com St. Andrew no centro.

A ordem foi recuperada pelo Rei James VII e terá apenas 16 membros ou cavaleiros. Cabe ao monarca em funções nomear novos membros da ordem, à qual outros membros seniores da família real também pertencem, como por exemplo a princesa Ana e o príncipe William. Esta distinção serve para reconhecer o trabalho de destas figuras em prol vida nacional.

A princesa de Gales optou por prestar homenagem à Escócia através da cor do seu look, um tom vivo de azul em associação à cor da bandeira escocesa. Kate vestiu um casaco longo criado por Catherine Walker e um acessório de cabeça assinado pelo mestre chapeleiro Phililp Treacy. Esta foi a terceira vez que usou o casaco em eventos públicos, uma vez que foi também a sua indumentária no serviço religioso de Páscoa deste ano e numa celebração da Commonwealth em 2022.

Mas mensagens da princesa, que na Escócia é tratada por duquesa de Rothesay, não ficam por aqui, uma vez que voltou a usar um colar da coleção da Rainha Isabel II. A joia é uma gargantilha de pérolas de quatro fiadas criada pela casa joalheira Garrard & Co a partir de um conjunto de pérolas oferecidas pelo governo japonês a Isabel II. Kate já tinha usado esta joia em várias ocasiões de grande significado, como por exemplo nos funerais do príncipe Filipe e da anterior soberana. Os brincos de pérolas, por seu lado, pertenceram à princesa Diana.

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A princesa de Gales e duquesa de Rothesay durante a cerimónia na Catedral e St. Giles

Uma semana dedicada à Escócia

Os reis estão na Escócia desde a passada segunda-feira para a HolyroodWeek, a sua primeira enquanto soberanos. Trata-se de uma tradição segundo a qual o soberano dedica uma semana exclusivamente à Escócia, para visitar vários locais do país, receber as pessoas locais e celebrar a cultura. Esta semana, que também é conhecida como Royal Week e acontece, normalmente, entre o final do mês de junho e o início de julho e este ano ficará marcada pela coroação escocesa dos reis Carlos e Camilla.

Com esta cerimónia de coroação, o Rei seguiu as pisadas da Rainha Isabel II. Em 1953, depois da sua coroação que aconteceu a 2 de junho, a antiga soberana também rumou à Escócia três semanas depois para uma semana de eventos. A Rainha esteve acompanhada pelo duque de Edimburgo e usou “roupas do dia a dia” e não trajes cerimoniais por decisão do palácio, para evitar que a cerimónia fosse interpretada como uma coração, segundo explica a BBC. É preciso recuar até 1822 para encontrar a última cerimónia antes da protagonizada por Isabel II: nessa altura, o centro das atenções foi o Rei George IV.

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