No que ao desporto diz respeito, o jogo foi extraordinário. Elina Svitolina, que só voltou ao ténis há três meses e depois de ter sido mãe, venceu Victoria Azarenka em três sets e apurou-se para os quartos de final em Wimbledon. Ou seja, uma tenista com um wildcard venceu a número 20 do mundo. Desporto à parte? Uma tenista ucraniana venceu uma tenista bielorrussa.
Elina Svitolina tem sido das atletas mais vocais e diretas sobre a guerra na Ucrânia, deixando claro que não irá cumprimentar qualquer adversária russa ou bielorrussa até que as tropas da Rússia saiam do país onde nasceu. E manteve a postura em Wimbledon, não respondendo ao breve aceno de Azarenka no momento em que ganhou a partida e dirigindo-se de imediato ao banco sem passar pela rede. A novidade, este domingo, foi que a própria Azarenka também não foi à rede, por já saber que não teria companhia — algo que lhe valeu apupos e assobios por parte das bancadas do Grand Slam britânico.
Why would the Wimbledon crowd boo Victoria Azarenka? It makes no sense. It was Svitolina who has unilaterally decided not to shake hands with certain players. I feel sorry for @vika7 ! pic.twitter.com/zPWWqkwOiM
— दिविर जैन (@divirj04) July 9, 2023
A tenista bielorrussa ainda esboçou uma reação ao que estava a ouvir, abanando a cabeça com um sorriso irónico, mas deixou a larga maioria dos comentários para a entrevista pós-jogo, onde não se escusou a dizer que o episódio era “injusto”. “Conheço a Elina há muito tempo. Sempre tivemos uma boa relação. Nestas circunstâncias… É o que é e acabou. Não posso controlar as bancadas. Não tenho a certeza de que muitas das pessoas entendam o que está a passar, acho que beberam muito Pimms [uma marca britânica de gin] durante o dia”, começou por dizer Azarenka, que já conquistou o Open da Austrália em duas ocasiões.
“Ela não quer cumprimentar russos e bielorrussos. Eu respeito a decisão dela. O que é que podia fazer? Ficar e esperar? Nada que eu fizesse seria certo, fiz aquilo que achei que mais respeitava a decisão dela. É uma vergonha que as pessoas só se preocupem com cumprimentos, que uma multidão bêbeda assobie no fim do jogo”, atirou a tenista de 33 anos.
Já Elina Svitolina, que vai agora defrontar Iga Swiatek na próxima ronda, procurou passar ao lado da polémica — ainda que tenha reconhecido que defrontar uma russa ou bielorrussa tem sempre um impacto diferente. “Claro que sinto uma pressão maior. É por isso que significa tanto para mim conseguir este tipo de vitórias. É a minha maneira de dar uma pequena vitória à Ucrânia”, começou por dizer também na entrevista pós-jogo, antes de revelar que ganhou forças ao pensar no que se passa no próprio país.
“Tentei pensar em casa, nas pessoas que estavam a ver e a apoiar-me. Sei o quanto isto significa para eles. Qualquer momento de felicidade que possam ter é muito importante. A Ucrânia está a passar por momentos muito difíceis e eu estou aqui a jogar, não me posso queixar. Só tento ganhar cada ponto”, concluiu.