Depois da curta rebelião do grupo Wagner, tem cabido ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, dar explicações públicas sobre o ocorrido — incluindo sobre a forma como tentou depois desautorizar o líder dos mercenários, Yevgeny Prigozhin. Uma dessas revelações é que Putin chegou mesmo a sugerir que a liderança do grupo passasse para as mãos de outro responsável, conhecido como “Sedoi” — ou “cabelo grisalho” — e que os membros do grupo até concordavam.

O nome de “Sedoi”, o homem que Putin gostava de ver suceder a Prigozhin, é na verdade Andrei Troshev, como explicam este sábado vários meios da imprensa internacional.

Segundo a Reuters, “Sedoi” — o “nome de guerra” de Troshev — aparece em documentos da União Europeia e de França sobre indivíduos aos quais seriam impostas sanções por causa da guerra na Ucrânia.

Segundo canais pró-Wagner no Telegram, citados pela mesma agência, Troshev será um dos comandantes “mais séniores” do grupo, sendo próximo de um dos fundadores, Dmitry Utkin. A CNN acrescenta que é um coronel reformado do exército russo.

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E há outras pistas da sua importância no Wagner: por um lado, foi o próprio Putin que considerou que Troshev é, na prática, o verdadeiro comandante do grupo; por outro, os documentos da União Europeia descrevem-no como o “diretor executivo” dos mercenários, tendo estado “diretamente envolvido” nas operações do grupo na Síria, contribundo de forma “crucial” para os “esforços de guerra” do Presidente sítio, Bashar Al-Assad.

As sanções que lhe foram impostas pelo Reino Unido, em 2022, especificavam que “apoiou o regime sírio, era um membro das milícias, e reprimiu a população civil na Síria”, refere a CNN.

Segundo a Reuters, Troshev nasceu em Leningrado (São Petersburgo, na era soviética) em 1962, ou seja, terá 61 anos. Lutou no Afeganistão e fez parte do exército russo, tendo sido comandante de uma força especial para “reação rápida”. A CNN explica que Troshev é também um “veterano” nas guerras no Afeganistão e na Chechénia.

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Além disso, foi premiado várias vezes pelo estado russo, nomeadamente com a Ordem da Estrela Vermelha e com a medalha mais importante do país, Herói da Rússia, pelos combates na Síria contra militantes do autoproclamado Estado Islâmico.