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As tropas russas danificaram mais de 1.300 hospitais ucranianos, destruíram cerca de 550, feriram centenas de profissionais médicos e mataram mais de 100 médicos, no primeiro ano da guerra, segundo a médica e ativista russa Olesya Vinnyk.
“Isso afeta o nosso desempenho profissional e traz novos desafios ao sistema de saúde“, salientou a ativista em entrevista à Lusa em Lisboa, relatando que na frente de batalha as equipas médicas estão há quase 18 meses a “trabalhar no limite”.
“A cada minuto, uma vida está em jogo. Existem lutas em muitos níveis diferentes, começando com a mudança profissional de funções, a falta de equipamento médico adequado e até situações de esgotamento”, destacou Vinnyk.
Ataques atribuídos às forças russas como o que atingiu recentemente duas vezes, num espaço de 72 horas, o mesmo hospital em Kherson, no sul da Ucrânia, cidade que Kiev reconquistou a Moscovo, fazem continuamente temer pela segurança de civis e profissionais de saúde, afirma Olesya Vinnyk.
Os ataques russos a infraestruturas civis requerem “esforços adicionais” por parte das organizações de apoio, contou a médica ucraniana, que pediu também “uma reação internacional adequada às ações das Forças Armadas da Federação Russa”.
Olesya Vinnyk, de 32 anos, é responsável por uma iniciativa médica integrada na ação global “Unite with Ukraine”, da organização não-governamental (ONG) Ukrainian World Congress (UWC), que representa 20 milhões de ucranianos em 65 países.
A ativista ucraniana esteve em Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), onde participou como palestrante no Encontro Internacional de Jovens Médicos Católicos e manteve encontros com a diáspora ucraniana em Portugal.
Na área da saúde, a aproximação da Ucrânia ao Ocidente permite “mais educação, mais oportunidades, mais inovações e mais vidas salvas”, realçou.
“Os médicos ucranianos estão ansiosos para aprender, mudar e evoluir” o seu sistema de saúde, mas Olesya Vinnyk destacou também que “a sociedade médica ucraniana pode ensinar muito” colegas de outros países.
“Temos uma experiência extraordinária que queremos analisar e partilhar com os médicos de todo o mundo”, apontou.
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Ainda sobre a aproximação de Kiev ao Ocidente, Olesya Vinnyk lembrou que a guerra começou pelo “desejo da Ucrânia de aderir às ideologias liberais ocidentais”.
“Durante muitas gerações, entendemos que o nosso caminho difere do modo de pensar russo e pós-soviético. Hoje em dia, enquanto os russos lutam pela ressurreição do seu efémero império do passado, a Ucrânia luta para que o nosso futuro se alinhe com o mundo civilizado. Estamos cientes dos nossos problemas de crescimento, mas estamos dispostos a trabalhar duramente neles”, garantiu.
A necessidade de lembrar que a Ucrânia “continua a lutar” e que é preciso “apoio médico mais do que nunca”, faz Olesya Vinnyk percorrer países na divulgação da sua organização.
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“Tenho orgulho em dizer que temos milhares de vidas salvas simplesmente porque os nossos médicos tiveram um equipamento adequado nas suas mãos num momento específico. Também será bom saber na fase de reconstrução que há alguém na Ucrânia em quem alguém pode confiar”, sublinhou.
“Como médica e coordenadora médica da UWC, encorajo todos a contribuírem com equipamentos médicos táticos e a cooperar connosco na área da saúde”, acrescentou.
Em Lisboa, Olesya Vinnyk sentiu-se inspirada não só pela beleza da cidade mas também pelo apoio recebido. Com uma mochila às costas com uma bandeira ucraniana, a médica recebeu “várias palavras de gratidão e aplausos”.
O diálogo com jovens médicos católicos sobre a guerra na Ucrânia era o principal objetivo da viagem, sendo que Olesya Vinnyk ouviu “os seus pensamentos do ponto de vista cristão”.
Olesya Vinnyk aproveitou também para estar em contacto com a diáspora ucraniana em Portugal, que classificou como “muito ativa e acolhedora”.
As muitas reuniões com ucranianos em Portugal permitiram também transmitir que tipo de apoio é necessário atualmente no país em guerra com a Rússia, explicou.
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