Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, defendeu a celebração de um pacto com a Rússia sobre o futuro da Ucrânia sem referências à Crimeia e à adesão do país à NATO, numa entrevista divulgada esta quarta-feira.

“Devemos concluir um pacto com os russos sobre uma nova arquitetura de segurança que proporcione segurança e soberania à Ucrânia, mas que não inclua a adesão à NATO”, disse Orbán, citado pela agência espanhola Europa Press.

Na entrevista gravada em 21 de agosto e divulgada nesta quarta-feira nas redes sociais pelo antigo apresentador da Fox News Tucker Carlson, Orbán considerou irrealista que Kiev pretenda recuperar a Península da Crimeia, que Moscovo anexou em 2014.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ponto de situação. O que se passou durante o 553.º dia de guerra na Ucrânia?

Considerou também que as forças ucranianas têm poucas hipóteses de vencer a guerra iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro 2022 devido à superioridade numérica dos russos. “Os russos são muito mais fortes, muito mais numerosos do que os ucranianos“, disse o primeiro-ministro da Hungria, segundo a agência norte-americana AP.

Para Orbán, o único caminho para acabar com a guerra na Ucrânia seria a reeleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. “Chamem o Trump de volta. … Trump é o homem que pode salvar o mundo ocidental“, afirmou.

Orbán, 60 anos, líder do partido nacionalista Fidesz — União Cívica Húngara e primeiro-ministro desde 2010, é considerado o dirigente dos países da União Europeia (UE) mais próximo de Putin.

Desde a invasão da Ucrânia, o Governo de Orbán manteve laços estreitos com Moscovo e ameaçou bloquear as sanções da UE contra a Rússia. Também recusou autorizar a transferência de armas ocidentais através da fronteira que a Hungria partilha com a Ucrânia.

Kremlin descarta investigação internacional à queda do avião de Prigozhin

Em 2016, Orbán foi o primeiro líder europeu a apoiar a candidatura presidencial de Trump, um apoio que renovou nas eleições de 2020, em que o ex-presidente republicano foi derrotado pelo democrata Joe Biden.

Em maio, ao abrir uma Conferência de Ação Política Conservadora em Budapeste, Orbán também defendeu que a guerra da Rússia contra a Ucrânia não teria ocorrido se Trump liderasse os Estados Unidos.

Na entrevista ao antigo apresentador da Fox News, Orbán elogiou a política externa de Trump e criticou a abordagem à guerra da administração do Presidente Joe Biden.

Volodymyr Zelensky recorda “todos os guerreiros” que lutaram por um país livre

Embora Trump enfrente acusações criminais por supostamente tentar anular as eleições de 2020, a reeleição do ex-presidente seria “a única saída” para a guerra, insistiu. Orbán criticou as múltiplas acusações contra Trump como uma utilização abusiva do poder pelo governo dos Estados Unidos que seria impensável na Hungria.

“Usar o sistema judicial contra os opositores políticos — na Hungria, acho que é impossível de imaginar. Isso foi feito pelos comunistas. É uma metodologia muito comunista”, afirmou, citado pela AP.

Orbán também lamentou os esforços da administração Biden para fazer com que o governo húngaro melhore o Estado de direito e o historial em matéria de direitos humanos. Apesar de a Hungria ser membro da NATO e aliada dos Estados Unidos, “somos mais maltratados do que os russos”, afirmou.