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O oligarca ucraniano Ihor Kolomoisky, um bilionário que chegou a apoiar Volodymyr Zelensky na corrida às presidenciais, foi detido no sábado sob suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro. O avanço do caso contra um dos empresários mais poderosos do país surge numa altura em que a Ucrânia diz estar a dar passos na luta contra a corrupção.

“Durante o período entre 2013 e 2020, Ihor Kolomoisky legalizou mais de 14 milhões de dólares, levando-os para o exterior e utilizando as infraestruturas dos bancos que controla”, revelou em comunicado o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU).

Por ordem de um tribunal ucraniano, Kolomoisky vai ficar sob custódia durante os próximos dois meses. Os advogados de defesa revelaram que o bilionário vai recorrer da decisão, mas não vai pagar a fiança de quase 14 milhões de dólares para garantir a sua libertação, segundo noticiou a Radio Liberty.

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Kolomoisky, o bilionário próximo de Zelensky que tem um tubarão num tanque e está a ser investigado por corrupção

Dono de uma fortuna avaliada pela Forbes em mil milhões de dólares, Ihor Kolomoisky é um dos oligarcas ucranianos que construiu fortuna depois do colapso da União Soviética, construindo uma rede de influência política e económica. Ajudou a fundar o Privat Bank, o maior banco comercial do país, nacionalizado em 2016 como parte do esforço para reformar o sistema bancário ucraniano.

A sua ligação a Zelensky vem daí, da participação que o magnata detinha no 1+1 Media Group, cujo primeiro canal transmitia a série de comédia “Servant of The People”, protagonizada por Volodymyr Zelensky, então ator a fazer de Presidente da Ucrânia. Quando trocou os palcos pela política e se candidatou à presidência, Kolomoisky foi um dos principais financiadores da sua campanha.

Numa corrida às presidenciais que fez sob a bandeira da luta contra a corrupção e a oligarquia, o atual líder ucraniano foi acusado de ser um “fantoche” de Kolomoisky, alegações que ambos sempre negaram publicamente. “Sem surpresas, muitos viam Zelensky como um candidato de Kolomoisky”, explicava o think tank norte-americano Atlantic Council em 2021.

Kolomoisky já que é alvo de sanções dos Estados Unidos desde 2021, devido ao “envolvimento em corrupção”, mas foi só mais recentemente que na Ucrânia foi lançada uma investigação aos seus negócios. O caso não é único. A Ucrânia tem avançado com medidas para apertar o combate à corrupção, exigidas para a eventual adesão à União Europeia e à NATO.

O combate à corrupção tem estado, inclusivamente, em destaque nos últimos discursos do Presidente ucraniano. No discurso de sábado, numa aparente alusão à detenção de Kolomoisky, Zelensky agradeceu às agências de segurança por mostrarem determinação em levar os casos à justiça. “Não haverá mais décadas dos ‘negócios do costume’ para aqueles que roubaram a Ucrânia e se colocaram acima das regras. A lei tem de funcionar”, sublinhou.