O vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, pediu nesta sexta-feira a intervenção da ONU em resposta à pressão migratória de África que está a aumentar significativamente por via marítima.

Não devemos subestimar o que está a acontecer em África. Também discutiremos isso nas Nações Unidas”, prometeu Tajani, à margem da assembleia anual da Confindustria, em Roma, em que prometeu que levará o tema para a sua viagem a Nova Iorque, onde deverá pedir a intervenção da ONU. “São necessárias medidas para travar os fluxos migratórios”, explicou Tajani, que falou na necessidade de encontrar uma forma de repatriamento de muitos dos imigrantes.

Tajani escreveu na rede social X (antigo Twitter) que já falou telefonicamente com a sua homóloga francesa Catherine Colonna, com quem acordou medidas concertadas para procurar atenuar o problema do aumento da pressão migratória em Itália. “Concordámos com a necessidade de ações comuns para abordar a emergência da imigração”, disse o chefe da diplomacia italiana, acrescentando que Colonna se comprometeu a tentar soluções concretas para travar o fluxo migratório, nomeadamente procurando estabilizar a situação em África.

Nos últimos dias, a pressão tem-se sentido sobretudo na pequena ilha siciliana de Lampedusa, que está mais próxima da costa norte de África do que de Itália, e onde se verificaram cenas de tensão, com as autoridades locais e nacionais a procurar acompanhar o ritmo de chegada de milhares de imigrantes.

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ONU alerta para situação crítica na ilha italiana de Lampedusa devido ao número de migrantes

“A Europa não pode fingir que nada está a acontecer e estou convencido de que a França compreenderá os nossos problemas”, acrescentou Tajani, anunciando também missões a Paris e Berlim “assim que regressar dos Estados Unidos”.

Também nesta sexta-feira, a Comissão Europeia apelou à solidariedade dos seus estados-membros, depois de a Alemanha ter decidido suspender temporariamente o acolhimento de requerentes de asilo provenientes de Itália. “Precisamos de solidariedade e contamos com todos os estados-membros para a garantir”, disse a porta-voz comunitária do Interior, Anitta Hipper, referindo-se à declaração assinada por 21 países europeus em junho de 2022, que estabeleceu a criação do Mecanismo Voluntário de Solidariedade, para dar resposta às dificuldades migratórias.

A Alemanha, um dos países que fazem parte desse grupo de países do Mecanismo Voluntário de Solidariedade, anunciou há poucos dias que deixará temporariamente de participar no acolhimento de pessoas provenientes de Itália.

Berlim acusa Roma de não cumprir as obrigações impostas pelo Regulamento de Dublin, em particular a de aceitar o regresso dos migrantes que entram na UE através do seu território. Hipper garantiu que Roma terá todo o apoio da União Europeia, reconhecendo que a chegada à Itália de milhares de migrantes, nos últimos meses, “representa um desafio logístico e financeiro” de largo porte.

Nesta sexta-feira, o ministro dos Assuntos Regionais de Itália, Roberto Calderoli, denunciou que o acelerado aumento no número de migrantes que chegam à Itália do norte da África está a ser deliberadamente orquestrado. “Não sei se é um ato de guerra, mas o que estamos a enfrentar, com 127.000 imigrantes a entrar desde o início do ano, é uma invasão“, disse Calderoli, admitindo que, para já, é uma “invasão pacífica”, mas que coloca dificuldades acrescidas à Europa.

“O facto de a Áustria estar a fortalecer os controlos de fronteira no Brenner Pass faz temer que essa vaga de chegadas não seja um fenómeno extemporâneo, mas, infelizmente, um esquema estrutural e organizado”, concluiu o ministro italiano.