O cabeça de lista do Chega às legislativas da Madeira, Miguel Castro, disse este sábado que a “perda de poder económico” é o que mais preocupa os madeirenses e defendeu que o Governo tem de “conversar com a banca”.

As pessoas começam a ficar desesperadas e não veem capacidade nos governos. O Governo [da República] não consegue conversar com a banca, não consegue articular medidas de proteção à sociedade”, disse, alertando para o novo aumento das taxas de juro em 25 pontos base, anunciado quinta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE), o décimo consecutivo.

Miguel Castro falava numa iniciativa de campanha da candidatura do Chega às eleições de 24 de setembro, na cidade de Machico, zona leste da ilha, este sábado dedicada ao contacto direto com a população.

“Temos de limitar esses lucros exagerados da banca, nomeadamente numa fase destas, de inflação altíssima”, declarou, considerando que Portugal deve seguir o exemplo de Itália e negociar com a banca medidas de proteção social.

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O candidato, também líder da estrutura regional do Chega, lembrou que a primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, é de direita e que “toda a gente dizia que se ela fosse poder a Itália não durava um mês, mas afinal a economia está a crescer”.

“A Itália é um bom exemplo para Portugal. Temos de limitar, nesta fase, os lucros da banca”, afirmou.

Fazendo um balanço à primeira semana de campanha para as regionais de 24 de setembro, Miguel Castro apontou como principais preocupações dos madeirenses a elevada carga fiscal e a perda de poder de compra, sublinhando que isso agrava o problema da habitação.

“Mesmo as pessoas que têm casa sentem muito medo de a poder perder. As pessoas sentem-se aflitas. Há pessoas que pagavam 700 e poucos euros de mensalidade de casa e que agora pagam 1.300”, alertou.

O candidato, que é funcionário público e empresário no setor da restauração e atividades turísticas, destacou, por outro lado, o apoio que tem recebido da população no decurso das iniciativas de campanha, dizendo que essa atitude revela o “enorme crescimento” do Chega.

“As pessoas vêm ter connosco, as pessoas pedem-nos mudança, pedem-nos alternativa. Para nós, é gratificante sentir essa força, essa energia e acabamos por nos sentir galvanizados”, disse.

As legislativas da Madeira decorrem em 24 de setembro, com 13 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único.

PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL são as forças políticas que se apresentam a votos.

O Chega foi alvo de dois recursos que pretendiam inviabilizar a sua candidatura, mas o Tribunal Constitucional indeferiu ambos.

Os dois queixosos (o partido ADN e um militante do Chega) reclamavam que a candidatura não fosse admitida, considerando o acórdão do Tribunal Constitucional n.º 520/2023, que declarou inválida a V Convenção Nacional do Chega.

Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um. Nesse ato eleitoral, o Chega reuniu 762 votos, mas Miguel Castro salienta que se apresenta agora “como partido alternativo” e tem como objetivo “só parar na assembleia”.