“Vi uma foto tua nua.” Foi assim que uma jovem de 14 anos foi recebida por um dos colegas no primeiro dia de aulas, em Espanha. A jovem contou à mãe que circulava uma fotografia sua, nua, criada com recurso a inteligência artificial, e depressa encontraram mais de 20 menores na mesma situação. Pelo menos sete famílias já tinham denunciado a situação à polícia, noticiou o jornal El País.
A Polícia Judiciária de Almendralejo, na província de Badajoz, está a investigar o caso, que está sob a alçada do Ministério Público Juvenil. Francisco Mendoza, delegado do governo na Extremadura, disse que já foram identificados vários presumíveis autores das montagens fotográficas.
As mães criaram um grupo de WhatsApp e uma das mães, Míriam Al Adib, ginecologista na povoação divulgou um vídeo no Instagram a explicar o que se passava e a pedir para que nenhuma menina tivesse vergonha de denunciar a situação. Uma das suas quatro filhas tinha sido abordada no Instagram por um desconhecido que primeiro lhe pediu dinheiro e depois lhe mostrou a fotografia manipulada.
No vídeo com mais de 100 mil visualizações, Míriam Al Adib dirigiu-se também aos autores das fotografias manipuladas (e quem as estava a partilhar) e disse que deviam retirá-las imediatamente das plataformas onde as tivessem colocado. “Parem já”, disse, lembrando que não se trata de uma brincadeira, mas de um delito. “Isto não vai ficar assim”, acrescentou ao anunciar que ela e várias mães estavam a fazer denúncias na polícia.
No município de Almendralejo existem cinco estabelecimentos com ensino secundário e em pelo menos quatro deles foram difundidas imagens modificadas por inteligência artificial, com jovens desnudas.
Uma rápida pesquisa na internet devolve como resultado várias aplicações que permitem “despir” as pessoas nas fotografias.
Nos Estados Unidos, o FBI tem observado um aumento no número de vítimas de extorsão chantageadas com imagens alegadamente comprometedoras, mas falsas, criadas a partir de conteúdos que as vítimas têm online. A extorsão com conteúdos de cariz sexual levou ao suicídio de 3.000 pessoas nos Estados Unidos no ano passado, sobretudo rapazes e jovens adultos, noticiou o New York Post em junho.