Legionários, gladiadores, aquedutos, a própria língua romana. Para muitos homens a resposta à interrogação “por que razão pensas no Império Romano?” é outra pergunta: “Por que motivo não hei-de pensar no Império Romano?” É nas redes sociais que esta história começa, quando alguém — conhecido como Gaius Flavius nas redes sociais — insinuou que as mulheres não fazem ideia da quantidade de vezes que os seus companheiros pensam no Império Romano. A partir daí, o desafio começou no Tik Tok. Mulheres, filhas, irmãs, amigas e namoradas filmaram os homens que as rodeiam enquanto lhes perguntavam quantas vezes o Império Romano lhes passa pela cabeça.
Para espanto da maioria delas, as respostas são “todos os dias”, “duas a três vezes por semana”, “várias vezes ao mês”, embora também exista uma fatia mais reduzida de homens que diz nunca pensar naquele tema. O hashtag tornou-se viral e mais de mil milhões de pessoas viram os vídeos no Tik Tok.
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Num deles, o homem responde que quem fala inglês, devido à influência do latim, pensa indiretamente no Império Romano de cada vez que se fala — no final, a mulher mostra que o telemóvel do namorado tem uma imagem de romanos como pano de fundo.
Num outro vídeo, é o marido quem fica surpreendido quando a mulher lhe responde que nunca pensa no Império Romano. “Porquê?”, pergunta ele, incrédulo. E acrescenta: “Então em que outras civilizações antigas é que pensas?” Nenhuma, é a resposta lacónica da mulher.
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Para tentar perceber por que razão os homens pensam tanto no Império Romano — pelo menos na amostra do Tik Tok, em que a maioria são norte-americanos — o Washington Post falou com Hannah Cornwell, da Universidade Britânica de Birmingham. A historiadora começa por frisar que aquele é um período da história com muitos aspetos associados à masculinidade. “A imagem da legião romana, da águia imperial e desse tipo de aspeto militar – juntamente com os gladiadores, tem uma longa associação com a masculinidade e o poder”, frisou a especialista em mundo antigo.
Num dos vídeos que circula as redes sociais, ouve-se o marido responder que “todos os rapazes pensam se seriam capazes de se safar” na Legião Romana.
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“A Roma Antiga era obviamente patriarcal e violenta”, respondeu ao mesmo jornal outro historiador. “Mas era também um lugar diversificado: havia inúmeras formas de masculinidade, as mulheres podiam ter poder, e havia múltiplas expressões e identidades de género, bem como várias sexualidades”, argumentou Lewis Webb da Universidade de Oxford, especialista no período da Roma Antiga.
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Já a Rolling Stone entrevistou Mike Duncan. O apresentador do podcast ‘The History of Rome” conta que desde que a tendência começou, muitos o “culpam” de tantos homens pensarem no tema, já que o podcast “é uma porta de entrada para pensar sobre o Império Romano uma vez por dia”.
De resto, Duncan não fica surpreendido com as respostas: “Disse aos meus amigos, a brincar, que a pergunta que todos os homens querem ouvir é o que significa SPQR.” A resposta? É uma abreviação de Senatus Populusque Romanus (o senado e o povo romano), frase emblemática que aparecia cunhada nas moedas e nos documentos romanos.
