Quando assumiu os comandos da Alfa Romeo, transitando da Peugeot para a marca italiana logo depois da fusão da antiga PSA com a FCA, Jean-Philippe Imparato tinha para trás uma liderança bem-sucedida na marca do leão e pela frente a missão de fazer da Alfa Romeo uma marca financeiramente viável num horizonte de 10 anos, com um reforço do posicionamento premium e sem perder o carácter desportivo que todos lhe reconhecem. Sob a sua chefia, a marca de Arese já regressou aos lucros, mas ainda com uma expressão algo tímida, pois o volume de vendas não permite ir muito mais além. Para lucrar mais, é preciso alargar a gama, aumentar as vendas e tudo indica que a “revolução” da Alfa Romeo está prestes a acontecer. Isto porque, já em 2025, a marca italiana espera alcançar um recorde histórico de vendas. E a fasquia está bem lá em cima.

Foi esta a mensagem que Imparato passou à revista britânica Autocar, à qual assumiu desassombradamente que a Alfa Romeo “já ganha mais dinheiro do que gasta em cada carro vendido”. O regresso aos lucros é animador, mas não estará sequer perto dos objectivos fixados pela Stellantis. Isto porque o recorde de vendas da marca remonta a 1990, altura em que a gama era mais completa do que actualmente, e cifrou-se na entrega de 223.643 unidades. Ora, dentro nada menos que dois anos, a Alfa Romeo espera atingir novo recorde de vendas, o que implica mais do que duplicar até 2025 a quantidade de novas matrículas, já que este ano o construtor estima comercializar 90.000 unidades. Muito melhor, é um facto, do que as 56.000 unidades transaccionadas em 2021.

Jean-Philippe Imparato comanda a Alfa Romeo desde 2021

Isso deve-se, sobretudo, ao Tonale, o primeiro modelo concebido sob a batuta de Imparato, que inclusivamente arriscou atrasar o lançamento deste SUV compacto para garantir que seria fiel ao ADN da marca e suficientemente apelativo para atrair os compradores que começavam a escassear. Isto porque, por muito bons produtos que sejam (e são), a berlina Giulia e o SUV Stelvio levavam a marca italiana a somar prejuízos. O tempo e as contas deram razão a Imparato: com a entrada em cena do Tonale, as vendas ganharam novo impulso e os resultados já se traduzem num confortável fôlego financeiro. O 33 Stradale dará com certeza um (enorme) boost, já que cada uma das 33 unidades a serem produzidas rondará o milhão de euros… E já foram todas vendidas.

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Sucede que, para a ambição da marca, não chega. Daí que vá entrar em cena o Brennero, um B-SUV que já “escapou” para a Internet e que deverá ser apresentado na próxima Primavera, abrindo encomendas algures na segunda metade do próximo ano. Esta adição à gama, tirando partido do banco de órgãos da Stellantis (a base será a mesma do Peugeot e-2008; Fiat 600e; Jeep Avenger, entre outros), permitirá à Alfa atrair novos clientes, propondo um modelo de acesso à gama mais barato.

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Tal deverá ser crucial para o crescimento do volume de vendas (e lucro) da Alfa Romeo e, por tabela, dará solidez de caixa ao fabricante para que este possa concentrar-se no alargamento da gama. De acordo com Imparato, os objectivos passam por garantir margens de lucro na ordem dos 10% para, assim, financiar a transição energética. Recorde-se que, a partir de 2027, a Alfa Romeo só vai vender carros 100% eléctricos, sendo a primeira marca do grupo liderado por Carlos Tavares a fazer o shift da combustão para as baterias. Antes disso, devem surgir pelo menos dois modelos eléctricos, o Brennero e uma berlina coupé de quatro portas para recuperar a sigla GTV. Também os substitutos do Giulia e do Stelvio vão ser puramente eléctricos, tal como a futura geração do Tonale. Correm rumores acerca do regresso do MiTo e do Giulietta, na nova era da Alfa, mas ainda nada de substancial foi revelado nesse sentido.