O caminho para a Alfa Romeo está traçado e far-se-á apontando baterias (literalmente) a segmentos de onde a marca se ausentou. Com o desaparecimento do MiTo, o fabricante de Arese ficou sem qualquer representação no segmento B, mas tudo indica que essa lacuna vai em breve ser colmatada com uma nova proposta, no formato SUV, a carroçaria que mais clientes tem vindo a conquistar, em detrimento dos sedans e até mesmo dos hatchbacks e das carrinhas.

Uma fuga, oriunda de Itália, abriu a discussão acerca de como a Alfa Romeo pretende aproveitar o banco de órgãos da Stellantis e introduzir no mercado, já no próximo ano, um parente muito próximo do Fiat 600e, cuja produção já arrancou, e do Jeep Avenger, este último já em comercialização entre nós. A partilha de elementos vitais é tal que já se sabe, seguramente, que o novo B-SUV da Alfa Romeo vai ser produzido na fábrica polaca do grupo franco-italo-americano, em Tchy, de onde também saem o 600e e o Avenger.

Tal como este último, o SUV que a Alfa Romeo tem na forja poderá montar motores a combustão ou ser puramente eléctrico, uma vez que assenta numa plataforma multienergia, opção mais ágil na logística da produção, do ponto de vista do construtor, mas menos interessante do ponto de vista do consumidor, pois condiciona o espaço a bordo e a eficiência, por comparação com uma arquitectura projectada de raiz para acolher baterias e motores eléctricos.

Ainda sem qualquer indicação oficial por parte da marca, não será despropositado esperar que o futuro modelo mais pequeno da Alfa Romeo, cujo nome ainda está no segredo dos deuses, venha a ser comercializado entre nós exclusivamente na versão eléctrica, à semelhança do que começou por acontecer com o Avenger.

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Praticamente certo é que o novo modelo da Alfa Romeo deverá ser apresentado na próxima Primavera, abrindo as encomendas algures no segundo semestre de 2024. Como argumentos, além de um design fiel ao ADN da marca (sem ser necessariamente uma reprodução fiel das imagens que aqui divulgamos), espere um B-SUV com uma autonomia a rondar os 400 km, extraindo a energia que alimenta o motor eléctrico (115 kW/156 cv) de um acumulador com 54 kWh de capacidade.

O preço, tal como a denominação comercial, ainda é uma incógnita. Mas seria estranhíssimo se não ficasse abaixo da versão PHEV do Tonale, que por cá é proposta por valores a partir de 53.800€. Basta ter presente que o Avenger EV arranca nos 39.700€ (mais 12.700€ que a versão a gasolina).

Abrindo caminho para baixo, em termos de segmentos, a Alfa parece assim preparada para dar continuidade ao alargamento da gama, visando o incremento do volume de vendas. Sublinhe-se que o Tonale veio provar que as vendas do construtor italiano reflectem (muito) positivamente a introdução de modelos mais acessíveis, ampliando o leque de potenciais compradores aos que não têm orçamento (ou interesse) nos restantes dois modelos da marca, a berlina familiar desportiva Giulia e o SUV Stelvio, ambos militantes do segmento D.

Mais pequeno (pouco mais de 4,53 m de comprimento), o Tonale disputa o território dos SUV compactos (C-SUV) e tem entre os seus principais motivos de interesse uma mecânica híbrida plug-in (PHEV) com 280 cv, que o habilita a percorrer 65 km (WLTP) entre a recarga da bateria. Mas, talvez mais relevante ainda, seja o facto de este Alfa ter permitido à marca passar a ter um modelo de acesso à gama abaixo dos 40.000€ (38.693€), ou seja, mais de 13.000€ abaixo de um Giulia e com um fosso superior a 23.400€ face ao Stelvio. A materializar-se, o SUV que “escapou” agora para Internet corre sério risco de vir a destronar o Tonale na procura, ou não recaísse no segmento B a escolha de muitos compradores.