Depois de uma tentativa de investidura falhada do lado do PP espanhol, a vida não ficou, ainda assim, automaticamente facilitada para Pedro Sánchez. O Esquerda Republicana Catalã (ERC) e o Junts Per Catalunya (Junts) insistem na exigência de promover negociações para um referendo que possa abrir caminho à independência da Catalunha, e já chegaram mesmo a acordo para não apoiar Sánchez a menos que se comprometa com esta condição.

Segundo o El Mundo, ERC e Junts — duas forças que votaram contra a investidura de Alberto Nuñez Feijóo — entregaram uma resolução conjunta no Parlamento catalão, em que indicam que têm um acordo com condições comuns que querem impor a Sánchez, o até agora primeiro-ministro socialista, para que consiga formar um governo minoritário.

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E a ideia é que fique prevista uma negociação para o tão aguardado, por estas forças, referendo pela independência da Catalunha, além de uma lei que amnistie os independentistas catalães.

Segundo a proposta, citada pelo mesmo jornal, as forças políticas catalãs não devem “dar apoio à investidura de um futuro Governo espanhol que não se comprometa a trabalhar para concretizar as condições para a existência de um referendo”.

A outra proposta conjunta defende a “necessidade de uma lei da amnistia para deixar sem efeito o que se tinha tipificado como infração penal ou administrativa em relação à defesa do exercício do direito à autodeterminação da Catalunha”.

O PSOE respondeu entretanto em comunicado, citado pelo El País, dizendo que o caminho a trilhar deve ser o da “convivência e coesão, entendimento e progresso económico e social da Catalunha e do resto de Espanha”, com uma ressalva: “Sempre dentro da Constituição”.

No mesmo comunicado, os socialistas garantem que querem “apostar no diálogo” para “superar a divisão e não para aprofundar a rutura e discórdia que tanta tensão gerou, de forma estéril, na Catalunha e no resto de Espanha”. Por esse caminho — o da rutura — “não há avanço possível”, diz o partido de Sánchez.

Continuam assim a somar-se episódios na novela da formação do novo governo espanhol, que Feijóo ainda tentará mais uma vez na sexta-feira, provavelmente sem sucesso. Já Sánchez deve ter mais sucesso a compor uma maioria parlamentar, mas os independentistas catalães continuam a constituir um obstáculo considerável à constituição de um novo executivo.

Texto atualizado às 19h33 com a resposta do PSOE.