O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky assegurou terça-feira que o seu país fará “parte da União Europeia (UE)”, na véspera da publicação de um relatório sobre os progressos realizados pela Ucrânia, que tem estatuto de candidata.

“Amanhã [quarta-feira] é um dia importante”, sublinhou o chefe de Estado ucraniano, durante o seu habitual discurso noturno dirigido à nação, classificando o próximo relatório como histórico.

O executivo europeu apresenta esta quarta-feira um relatório sobre o estado dos progressos alcançados não só pela Ucrânia, mas por todos os países com o mesmo estatuto: Moldova, Albânia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia e Turquia.

A decisão sobre uma adesão só pode ser tomada no Conselho Europeu de dezembro, mas dela dependerá a avaliação que constará do relatório.

Volodymyr Zelensky sublinhou que o seu país “já está a preparar os próximos passos”, nomeadamente através do fortalecimento das suas instituições. “A Ucrânia fará parte da União Europeia”, garantiu o governante, referindo-se ao “longo caminho” já percorrido para uma aproximação.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No entanto, lembrou, isso exige trabalho do país, alvo desde fevereiro de 2022 de uma invasão russa, para “se adaptar às normas da UE”.

Em junho de 2022, a UE concedeu à Ucrânia o estatuto de candidata, num gesto altamente simbólico. Para que o parecer seja positivo e haja uma recomendação ao Conselho para deliberar sobre o início das negociações formais, os países candidatos têm de comprovar que avançaram nas recomendações que a Comissão fez.

Estas incluem reformar o sistema jurídico e reforçar a sua independência, criar medidas eficazes para combater a corrupção — o que na Ucrânia tem um peso considerável por causa de décadas de influência das oligarquias — e ainda avançar na digitalização e transição energética, para os candidatos se equipararem aos países que já fazem parte da UE.

No último sábado, Ursula von der Leyen apareceu de surpresa em Kiev e depois de um encontro com Zelensky disse estar confiante de que a Ucrânia está a fazer de tudo para aderir à UE e que essas reformas estariam vertidas no relatório, pelo que é expectável que haja um parecer positivo, pelo menos, em relação à Ucrânia.

“Tenho de dizer que houve excelentes progressos, é impressionante constatá-lo, e vamos atestar isso mesmo, na próxima semana, quando a Comissão apresentar o seu relatório sobre o alargamento”, disse Ursula von der Leyen, em conferência de imprensa conjunta com o Presidente da Ucrânia, no sábado.

Desde 24 de fevereiro de 2022 que a Ucrânia procura reafirmar a sua independência perante a Rússia, que anexou partes substanciais do seu território, e para isso o Presidente, Volodymyr Zelensky, apontou à adesão à UE e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) como maneira de virar o país a ocidente e impedir futuros ataques russos.

Com a UE, o início do processo foi o mais rápido até hoje e, em simultâneo com a vizinha Moldova, a Ucrânia recebeu o estatuto de candidato em junho de 2022.

Do lado da NATO, as expectativas de Zelensky acabaram defraudadas, com o “travão” colocado pelos líderes dos 31 países que compõem a aliança político-militar.

Da cimeira de julho deste ano saiu a criação do Conselho NATO-Ucrânia, um órgão que aproxima o país, mas, na prática, não é uma promessa de adesão, que foi remetida para o futuro.