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Até 24 de fevereiro de 2022, a vida de Aleksandra Skochilenko, mais conhecida como Sasha Skochilenko, era ocupada apenas pela música, pela defesa dos direitos da comunidade LGBTI+ e pelo combate aos estereótipos associados à saúde mental. No entanto, a partir desse dia, as lutas da ativista russa começaram a ter outro foco. E foi isso que a moveu a imprimir várias etiquetas e a dirigir-se ao supermercado mais próximo.

Mais de um mês depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, a 31 de março de 2022, Sasha Skochilenko, que tinha 32 anos na altura, substituiu as etiquetas de cinco produtos num supermercado em São Petersburgo por frases anti-guerra e com informações sobre o bombardeamento russo ao teatro de Mariupol, na Ucrânia, onde estavam abrigadas centenas de pessoas.

Acabou por ser detida a 11 de abril, após um comerciante a ter denunciado, tendo ficado a aguardar julgamento em prisão preventiva. Agora, pode vir a passar mais oito anos atrás nas grades.

Estudante russo condenado a oito anos e meio de prisão por desacreditar Exército russo

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Um tribunal russo em São Petersburgo deu razão ao pedido do procurador do Ministério Público, Alexander Gladyshev, que solicitou que a ativista continuasse presa e que ainda fosse proibida de usar a Internet durante três anos, pôde ler-se no comunicado divulgado pelo tribunal, citado pela Reuters.

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A ativista foi acusada de espalhar informações falsas, ao abrigo da lei, implementada logo após a invasão russa, que criminaliza qualquer expressão pública sobre o conflito na Ucrânia.

Apesar de ter aparecido sempre a sorrir, a ativista, que sempre negou as acusações, não deixou de esconder o “choque” após ter ouvido a pena que lhe foi aplicada. “Estou em choque. Oito anos pelo quê? Nem sou uma ativista pública”, disse, à saída do tribunal.

A palavra usada pela Amnistia Internacional para descrever o seu tipo de ativismo é “de consciência”. Após a sua detenção, a organização lançou uma petição para apelar à sua libertação, com especial destaque para as condições nas quais estava a viver.

“Aleksandra está detida em condições terríveis e tem, inclusive, passado fome durante a maior parte do tempo, porque, sendo celíaca, não tem acesso à comida sem glúten de que precisa”, escreveu. “Para piorar, é ameaçada por quem trabalha no centro de detenção e pelas próprias colegas de cela”.

Também a fundação Friedrich Naumann denunciou a situação em que a ativista vivia, tendo ainda dado informações sobre o método de detenção das autoridades russas. “Skochilenko disse que, em vez de a prenderem em casa, a polícia coagiu um amigo de infância a atraí-la para o seu apartamento, onde os agentes estavam à espera para a deter. Além disso, revistaram a sua casa e interrogaram-na de manhã cedo”.

O que me está a acontecer é um registo vivo e palpitante da nossa era. Por causa da minha detenção, os procuradores vão receber um bónus patético e eu vou receber a imortalidade e uma experiência única da prisão e da minha investigação, que poderei contar ao mundo com todas as suas cores e pormenores”, disse Skochilenko, numa carta enviada após ter sido detida.