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Be’eri costumava ser “bonito”, ter um “pôr do sol fantástico e campos verdes” e ser o “local onde as crianças queriam crescer”. No entanto, desde que o grupo Hamas atacou o kibutz situado apenas a alguns quilómetros de Gaza, que o cenário descrito por um residente à CNN desapareceu. Ou melhor, foi tapado pelas cinzas e destroços dos edifícios bombardeados e dos carros incendiados.

Debaixo do pó e dos escombros não restam apenas “as bicicletas das crianças, os vidros estilhaçados e as munições por explodir”, como testemunhou a Reuters. Mas sim os restos humanos dos 1.200 mortos que o grupo fez no ataque de 7 de outubro, dia em que também fez 260 reféns. E foi para os encontrar e identificar que a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) enviou os seus arqueólogos para o local em ruínas.

Be’eri foi um dos kibutzim mais atingidos pela guerra do Hamas. Quando, às 6h31 da manhã, os residentes ouviram as sirenes, não pensaram duas vezes em resguardar-se com as famílias nas suas casas e nos abrigos. No entanto, isso não foi suficiente para impedir a “ameaça terrorista”.

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N0s primeiros dias, as equipas de socorro encontraram corpos queimados em diversos locais, nomeadamente em quartos e dentro de carros. Mas, visto haver ainda uma grande número de pessoas desaparecidas, resolveram chamar 15 arqueólogos para ajudar.

Os métodos arqueológicos empregues em sítios antigos são semelhantes aos aplicados aqui”, disse a AAI, num comunicado publicado esta terça-feira, citado pela BBC. “Mas uma coisa é expor restos de destruição com dois mil anos. Outra, dolorosa e insondável, é levar a cabo a presente tarefa de procurar provas das nossas irmãs e irmãos nos kibutzim.”

Além de “dolorosa”, não é uma missão fácil, como descreve o arqueólogo Joe Uziel à Reuters. “Entramos nas casas ardidas à procura dos mais ínfimos indícios que nos possam ajudar a identificar as pessoas desaparecidas. Quer sejam objetos pessoais, como joias, quer sejam restos de ossos fraturados pelo calor”.

Tal levou a que já tivessem encontrado dez vítimas, tendo algumas tido um funeral e outras sido enviadas para a base militar de Shura para investigação. No entanto, ainda faltam, pelo menos, 25 soterradas nos escombros.

“É um sentimento misto de querermos encontrar algo e de não o querermos ao mesmo tempo”, confessa. “Caso achemos algo, significa que determinámos que alguém morreu. Já se não encontrarmos ninguém, a família permanece no limbo de não saber”.

Ainda assim, acrescenta que por “muito difícil que seja, é gratificante saber que” podem “trazer alguma ajuda e uma certa conclusão às famílias que perderam tanto”.

A opinião de Uziel é a de muitos outros arqueólogos que trabalham juntos na missão de encontrar restos mortais em Be’eri. Num vídeo publicado no Youtube pelo IAA, vários funcionários mostraram objetos encontrados no meio dos destroços do edifício, nomeadamente brinquedos, tapetes e até telemóveis com cartões de crédito, e revelaram estar ligeiramente aliviados quando identificavam pessoas desaparecidas.

“Acho e espero que tenhamos encontrado o pai desaparecido”, disse Assaf Peretz. “Na mesma casa, encontrámos os corpos de vários terroristas juntamente com as suas armas. Havia muito sangue e coisas chocantes que não deviam ser aqui descritas”, sublinhou.

Apesar das descobertas já feitas, os arqueólogos prometem não parar: “Vamos continuar até chegarmos à última casa ardida e sabermos que encontrámos todos os que podíamos”, disse Yossi Cohen, comandante da missão Holy Work, na divisão de Gaza.

Esta sexta-feira, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, comunicou que mais de 11 mil pessoas morreram e cerca de 27.500 ficaram feridas nos bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza. Já em Israel, estima-se que tenham morrido 1.200 pessoas, maioritariamente civis.

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